Por onde andam 7 promessas dos Mundiais sub-17 que "floparam" na carreira?
Rafael Reis
24/10/2019 04h20
A cada 24 meses, garotos de até 17 anos têm uma oportunidade especial na carreira: disputar uma competição com status de mundial, chancelada pela Fifa e acompanhada de perto por torcedores e olheiros de todos os cantos do planeta.
Para muitos, essa chance é tratada como a possibilidade de dar o pontapé inicial rumo a uma carreira de sucesso e cheia de glórias nos gramados. Mas engana-se quem pensa que brilhar no Mundial sub-17 é garantia de qualquer coisa.
A história da competição, cuja nova edição começa a ser disputada neste sábado, aqui no Brasil, está cheia de promessas que não vingaram e que simplesmente não deram em nada depois que se profissionalizaram.
O "Blog do Rafael Reis" apresenta abaixo sete jogadores que viveram exatamente essa situação. Apesar de terem brilhado em Mundiais sub-17, eles "floparam"como adultos. Ou seja, não viraram os craques que o planeta imaginava que poderiam ser.
FREDDY ADU
Meia-atacante
30 anos
Estados Unidos
Desempregado
Disputou o Mundial sub-17 de 2003 quando tinha apenas 14 anos. E, mesmo três anos mais novo do que a maioria dos adversários, foi um dos destaques da competição. Adu marcou quatro gols na campanha de quartas de final alcançada pela seleção norte-americana e saiu de lá com o apelido de "Pelé do século 21". Mas o meia-atacante não segurou a barra de carregar uma expectativa tão grande. Depois, rodou por vários países (inclusive o Brasil, onde defendeu o Bahia), mas não deu certo em lugar nenhum. Ele está sem jogar profissionalmente desde novembro do ano passado e tem dado treinos de futebol para adolescentes nos Estados Unidos para se manter em forma até arranjar um convite para retomar a carreira.
BOJAN KRKIC
Atacante
29 anos
Espanha
Montréal Impact (CAN)
Tratado como "novo Messi"nas categorias de base do Barcelona, foi uma das atrações da competição em 2007. Até hoje, a Espanha considera que só perdeu a decisão para a Nigéria porque não pode contar com Bojan, que havia sido expulso na semi e precisou cumprir suspensão. O atacante estreou como profissional do Barça logo depois de completar 17 anos e ganhou sua primeira chance na seleção 12 meses mais tarde. Mas esse foi o auge de sua carreira. O jogador de origem sérvia ainda passou por times importantes, como Ajax e Roma, mas não vingou. Em agosto, mudou-se para a América do Norte e hoje defende o Montréal Impact.
SANI EMMANUEL
Atacante
26 anos
Nigéria
Aposentado
Não, você não leu errado. O artilheiro e melhor jogador do Mundial sub-17 de 2009 não joga mais futebol… pelo menos, não profissionalmente. Emmanuel, que encantou o planeta ao marcar cinco vezes na competição no fim da década passada, abandonou o esporte em 2015, aos 22 anos, porque sua carreira simplesmente não evoluía. O atacante até chegou a ter contrato com a Lazio, mas nunca jogou no time principal do clube da capital italiana. Sua trajetória como profissional não durou nem 20 partidas e terminou na Suécia.
EVANDRO RONCATTO
Atacante
33 anos
Brasil
Casa Pia (POR)
Um dos artilheiros do Brasil em sua conquista mais recente (2003), o atacante revelado no Guarani teve uma passagem pelo Sport, mas pouco jogou no futebol local. Em compensação, rodou bastante pelo exterior e atuou em Portugal, Chipre, Bulgária, Grécia, Cazaquistão e Noruega. Em nenhum desses lugares, virou o ídolo que seu desempenho no Mundial sub-17 (quatro gols) fez muita gente acreditar que ele se tornaria. Agora já veterano, Roncatto é lanterna da segunda divisão portuguesa pelo modestíssimo Casa Pia.
MACAULEY CHRISANTUS
Atacante
29 anos
Nigéria
Zob Ahan (IRÃ)
Na mesma competição que teve Bojan Krkic como promessa instantânea e que revelou o alemão Toni Kroos, Macauley Chrisantus marcou sete vezes e levou para a casa o troféu de artilheiro e a medalha de ouro pela conquista do Mundial com a seleção nigeriana. O sucesso no torneio da Fifa lhe rendeu também a saída da África para jogar no Hamburgo. Só que Chrisantus nunca convenceu na Alemanha e foi emprestado para times menores. Depois de rodar bastante pela Europa e jogar até na terceira divisão espanhola, o atacante está tentando desde julho reconstruir sua carreira no Irã.
JULIO GÓMEZ
Meia
25 anos
México
Coras de Nayarit (MEX)
Campeão, craque e protagonista de uma atuação histórica na semifinal contra a Alemanha: o Mundial de 2011 foi todo de Julio Gómez. Só que o Pachuca, clube em que ele atuava desde a adolescência, preferiu não apostar nele. O meio-campista foi emprestado para nada menos que oito times diferentes até o encerramento do seu contrato, em julho deste ano. Com uma carreira de pouco destaque como profissional, o máximo que ele conseguiu depois do fim desse vínculo foi um acordo para atuar na terceira divisão mexicana.
VALMIR BERISHA
Atacante
23 anos
Suécia
Velez Mostar (BOS)
Os sete gols que fizeram de Berisha artilheiro do Mundial de 2013 e a origem balcânica do centroavante passavam a ideia de que a Suécia poderia estar encontrando uma espécie de "novo Ibrahimovic". A Roma acreditou nisso e contratou o garoto logo após a competição. Mas eles estavam errados. O atacante não conseguiu jogar na Itália e pouco fez também na Grécia, na Holanda, na Noruega e na Islândia. Em fevereiro, transferiu-se gratuitamente para a Bósnia, mas também não se firmou no Velez Mostar. Até hoje, Berisha só conseguiu marcar dez gols como profissional.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.