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Rafael Reis

Aos 30, "Pelé do século 21" acumula fiascos e está desempregado há 10 meses

Rafael Reis

09/09/2019 04h00

A rotina de Freddy Adu, aos 30 anos, é acordar na hora que o sono acaba, ir à academia apenas para manter a forma, fazer inúmeras atividades de lazer para preencher o dia e, apenas três vezes por semana, dirigir uma hora para dar treino a garotos de até 14 anos da cidade de Baltimore.

Desde novembro do ano passado, quando deixou o Las Vegas Lights, time que disputa a USL, liga equivalente à segunda divisão do futebol dos Estados Unidos, o jogador que um dia foi chamado de "Pelé do século 21" está desempregado.

Crédito: Reprodução

Já são quase dez meses sem arranjar um clube para atuar profissionalmente, algo impensável para quem viu os primeiros momentos da carreira desse ganense de nascimento que se mudou para os EUA ainda na infância.

Adu despontou no cenário internacional quando tinha só 13 anos. Em 2003, ainda no começo da adolescência, ele disputou os Mundiais sub-17 e sub-20 pela seleção norte-americana. E, mesmo contra adversários bem mais velhos, fez bonito.

Rapidamente, começou a ser tratado como fenômeno de primeira grandeza. Comparado a Pelé, assinou contrato de US$ 1 milhão (R$ 4,1 milhões) de patrocínio com Nike e virou reportagem no "New York Times".

Aos 14 anos, já virou jogador profissional. Adu assinou contrato com o DC United e passou a receber o maior salário dentre todos os jogadores da MLS (Major League Soccer), a principal competição de futebol nos EUA. Foi seu auge.

Desde então, nada mais deu certo na carreira do meia-atacante. Ele até teve esporádicas participações na seleção principal entre 2006 e 2011. Sempre mais pelo nome do que pelo futebol que apresentava.

Foi a fama também que o levou aos mais diversos cantos do mundo. Adu jogou em Portugal, na França, na Grécia, na Turquia, na Sérvia, aqui no Brasil e até na quarta divisão do Campeonato Finlandês. Mas, não deu certo em lugar nenhum.

Sua passagem pelo futebol pentacampeão mundial durou só oito meses. Entre março e novembro de 2013, o norte-americano vestiu a camisa do Bahia. Depois de só 130 minutos em campo, ele foi embora sem deixar saudades no torcedor.

Crédito: Otto Greule Jr/Getty Images

"Já estive em alguns lugares obscuros na minha carreira. Não tenho certeza se quero continuar fazendo isso", afirmou Adu, em entrevista à ESPN norte-americana, publicada em junho.

Isso não significa que a carreira do jogador tenha chegado ao fim. O outrora futuro craque do futebol mundial não pensa em aposentadoria, apenas não quer mais explorar o globo terrestre. Seu desejo é encontrar um time para defender nos EUA.

Mas esse desejo, caso se realize, deve ficar apenas para o próximo ano. Até lá, Adu deve ser apenas mais um dos inúmeros jogadores de futebol espalhados pelo planeta que estão na fila dos desempregados.

"Ainda sou muito jovem. Não estou pronto para desistir. As coisas não correram do jeito que eu queria, obviamente. Mas também amo o esporte, não estou pronto para desistir."


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.