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Próximo adversário da seleção teve a chance de ser Jorge Jesus, mas falhou

Rafael Reis

16/11/2019 04h00

"Agradeço, mas não o irei fazer."

Essa foi a única resposta dada por Paulo Bento às oito mensagens enviadas nas últimas semanas pelo "Blog do Rafael Reis" ao treinador português da Coreia do Sul solicitando uma entrevista.

A recusa ao pedido e até mesmo à manutenção de um diálogo tem uma explicação. O comandante do próximo adversário da seleção brasileira ainda tem uma mágoa danada do país pentacampeão mundial de futebol.

Crédito: AFP

Bento, que já dirigiu Sporting, Olympiacos, Chongqing Lifan e comandou Cristiano Ronaldo em duas competições importantes (Euro-2012 e Copa do Mundo-2014), ainda não engoliu sua passagem desastrosa pelo comando do Cruzeiro.

Três anos atrás, o ex-volante era uma espécie de Jorge Jesus. Assim como o atual comandante do Flamengo, ele possuía uma carreira consolidada em Portugal e estava sendo contratado por um clube brasileiro para trazer a modernidade do jogo europeu para os gramados daqui.

Mas ao contrário do compatriota, Bento não passou nem perto de liderar o Campeonato Brasileiro, alcançar a decisão da Libertadores e impressionar jornalistas e torcedores.

Sua trajetória no Cruzeiro durou exatos 75 dias. Entre 11 de maio e 25 de julho de 2016, o treinador português trabalhou em 17 partidas. Foram seis vitórias, três empates e oito derrotas.

O aproveitamento de 41,2% e o risco de rebaixamento na Série A, já que a equipe ocupava na época a vice-lanterna da competição, abreviaram sua passagem pelo Brasil. Mas a demissão com apenas 15% do tempo de contrato combinado (seu acordo iria até o final de 2017) irritou bastante o treinador.

De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, essa mágoa ainda não acabou. Até hoje, Bento considera que foi enganado pela diretoria cruzeirense, que não lhe deu o tempo necessário para se adaptar a um novo país e fazer o time jogar como ele queria.

O português dirige a seleção sul-coreana há pouco mais de um ano. Ele foi contratado como substituto depois do Mundial da Rússia e trabalha em um projeto para fazer a equipe do astro Heung-min Son (Tottenham) surpreender no Qatar-2022.

Os resultados, por enquanto, têm sido apenas razoáveis. O time do ex-técnico do Cruzeiro caiu nas quartas de final da Copa da Ásia, mas está invicto desde a eliminação contra o Qatar, em janeiro. Desde então, foram cinco vitórias e quatro empates.

Brasil e Coreia do Sul se enfrentam na próxima terça-feira, em Abu Dhabi (Emirados Árabes), no último amistoso da seleção em 2019.

A equipe canarinho vive seu pior momento desde o início da era Tite. Já são cinco jogos consecutivos sem vitória: empates contra Colômbia, Senegal e Nigéria e derrotas para Peru e Argentina.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis