Como trio de mentores brasileiros ajudou a "construir" Cristiano Ronaldo
Rafael Reis
18/09/2019 04h00
Finalista da eleição de melhor jogador do mundo pela 12ª vez na carreira e cinco vezes vencedor do prêmio, Cristiano Ronaldo nasceu em Funchal, na Ilha da Madeira, e é genuinamente português.
Mas o sucesso do camisa 7 da Juventus, que estreou hoje na fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa, em empate com o Atlético de Madri, na capital espanhola, não foi obra exclusiva dos lusitanos.
Para se transformar em um colecionador de títulos e em um dos protagonistas do futebol mundial no século 21, CR7 recebeu uma ajudinha preciosa de mão brasileiras.
Três dos principais mentores do craque, que o ajudaram a lapidar a técnica dos seus fundamentos e desenvolver a mentalidade vencedora que marca sua carreira, são representantes do único país vencedor de cinco edições da Copa do Mundo.
O ex-lateral direito César Prates (ex-Corinthians, Atlético-MG, Vasco e Botafogo) foi a inspiração de Ronaldo para desenvolver seu método particular de cobrar faltas. Os dois atuaram juntos no Sporting entre 2001 e 2003, nas duas primeiras temporadas do português como profissional.
"Uma coisa muito legal foi que eu batia faltas e chamava ele. Ensinava a fazer cobranças de falta. Foi algo legal. Quando eu vejo ele batendo na bola, fico muito feliz. Vejo que não sou responsável direto, mas era uma das virtudes que eu tinha e não queria que ficasse só comigo. Ele ficava batendo 20, 30 bolas depois do treino. Eu chamava ele e ensinava. Ele ouviu e colocou aquela postura", disse Prates, ao UOL, em 2012.
Outro brasileiro que exerceu enorme influência sobre Ronaldo no início da carreira foi Jardel. Nos primeiros dias de CR7 como profissional, o ex-atacante, que defendeu Vasco, Grêmio e Palmeiras, não era só seu companheiro no Sporting, mas também um parente próximo.
Nos tempos em que namorava Jordana, irmã do brasileiro, o futuro astro aproveitava o cunhado, especialista no jogo aéreo, para desenvolver uma de suas habilidades em que hoje mais se destaca: as cabeçadas.
"Ele aprendeu muitas coisas comigo, como eu aprendi com ele. Principalmente no cabeceio. Se perguntar ao Cristiano Ronaldo se o Jardel era a referência dele como cabeceador, com certeza ele vai falar. Eu falava assim: 'Aprende aí a fazer gol, miúdo'. E agora estou aprendendo com ele, cinco vezes melhor do mundo", disse Jardel, ao site português "OGol".
Mas o principal e mais conhecido professor brasileiro do camisa 7 da Juventus foi mesmo Luiz Felipe Scolari. Felipão foi responsável pelas primeiras convocações de CR7 para a seleção, trabalhou com ele durante cinco anos e o dirigiu em duas edições da Eurocopa (2004 e 2008) e no Mundial de 2006.
Ronaldo foi comandado pelo treinador do penta em 58 de suas 157 partidas pela seleção e encorpou muito do "Scolarismo" à sua filosofia particular. A principal lição de Felipão que ele abraçou foi a ideia de que "vale tudo" pela vitória: o resultado é mais importante do que jogar um futebol vistoso, e os gols valem bem mais que os dribles e jogadas individuais.
"É um treinador que mudou a mentalidade dos portugueses e dos nossos jogadores. Ele deu muito ao nosso país e me ajudou bastante", disse o atacante, logo depois da Copa de 2006, sobre o mentor.
Campeão em 2008, 2013, 2014, 2016 e 2017, vice em 2009, 2011, 2012, 2015 e 2018 e terceiro colocado em 2007, Cristiano Ronaldo disputa o prêmio de melhor jogador do planeta na última temporada contra o argentino Lionel Messi (Barcelona) e o holandês Virgil van Dijk (Liverpool).
Os vencedores do "The Best" serão conhecidos nesta segunda-feira, em Milão (ITA), durante a cerimônia anual das várias premiações distribuídas pela Fifa. No feminino, concorrem ao troféu as norte-americanas Alex Morgan e Megan Rapinoe, além da inglesa Lucy Bronze.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.