Sem diálogo com a Fifa, engenheiro processa entidade por autoria do VAR
Rafael Reis
16/10/2018 04h20
Ignorado pela Fifa na disputa pela propriedade intelectual do VAR (sigla em inglês para árbitro assistente de vídeo), o engenheiro boliviano Fernando Méndez Rivero decidiu processar a entidade que gerencia o futebol mundial.
O inventor protocolou na semana passada uma denúncia contra a instituição na Justiça de Buenos Aires, capital da Argentina, sob alegação de que o uso do sistema em competições do mundo todo está sendo feito de forma irregular.
Méndez Rivero alega que o VAR, que foi utilizado na última Copa do Mundo-2018 e hoje faz parte de boa parte dos principais torneios de futebol do planeta, é plágio de um mecanismo desenvolvido e patenteado por ele há 13 anos, o "Projeto Piloto de Arbitragem Eletrônica".
"Meus direitos autorais estão protegidos em 186 países do mundo porque a Bolívia está inscrita em dois grandes convênios de propriedade intelectual, o Convênio de Berna e o Convênio de Paris", afirmou, por telefone.
No entanto, segundo Méndez Rivero, seu advogado não recebeu nenhuma resposta do órgão, motivo pelo qual eles decidiram deixar de lado a tentativa de costurar um acordo amigável para acionar a Justiça.
O engenheiro pede uma indenização de US$ 104,5 milhões (cerca de R$ 395 milhões) pelo que considera uma utilização indevida da aparelhagem.
Além da entidade global, a Conmebol também é parte do processo do boliviano devido ao uso do VAR nas partidas do mata-mata da Libertadores. Outras duas empresas, a Mediapro e um braço Sony, que fornecem equipamentos para a arbitragem em vídeo, constam na ação protocolada pelo engenheiro.
Procurada pela blog, a Fifa não se posicionou sobre a acusação e nem sobre o processo judicial até a publicação desta reportagem.
O VAR começou a ser testado há seis anos pela Federação Holandesa de Futebol. Em 2016, começou a se espalhar por ligas de todo o planeta. Dois anos depois, estreou na Copa do Mundo.
Atualmente, é utilizado em boa parte dos principais campeonatos de primeiro escalão, como Italiano, Espanhol, Alemão e Francês, além da Libertadores e da Copa do Brasil. Na próxima temporada, estará disponível também nas partidas da Liga dos Campeões da Europa.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
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