Artilheiro, ex-Vasco apela a "'jeitinho" por vaga na seleção do Japão
Rafael Reis
10/09/2018 04h00
Ruy Ramos, Wagner Lopes, Alex Santos. Túlio Tanaka. Um ex-atacante do Vasco pretende se juntar em breve à lista de jogadores brasileiros que defenderam a seleção do Japão.
Artilheiro da J-League, com 19 gols em 25 rodadas, e principal jogador do Sanfrecce Hiroshima, líder da competição, Patric aposta no "jeitinho brasileiro" para driblar o problema legal que impede sua convocação.
Para obter a cidadania japonesa e poder jogar pela seleção, é necessário viver durante cinco anos consecutivos no país. O atacante mora no Oriente desde o início de 2013 e já teria cumprido o prazo necessário para a naturalização.
No entanto, Patric voltou ao Brasil em 2016 para se tratar de uma lesão e acabou ficando sem visto de permanência no Japão. Como a contagem de tempo "zerou", ele agora precisaria esperar até janeiro de 2022, ano da Copa do Mundo do Qatar, para conseguir o passaporte nipônico.
"Tenho esperança de ser convocado antes disso. A imprensa daqui vive falando sobre minha presença na seleção. Se alguém da federação pedir para antecipar a minha naturalização, dá para conseguir mais cedo. É um 'jeitinho'. Só é um pouco mais difícil porque aqui eles são bem certinhos", afirmou o jogador de 30 anos.
A esperança de Patric para convencer o Japão a flexibilizar as regras está depositada no novo técnico da seleção, Hajime Moriyasu. No ano passado, foi ele que pediu à diretoria do Hiroshima que contratasse o atacante brasileiro, então no Gamba Osaka.
"Cheguei ao clube e estávamos na zona de rebaixamento. Eu estava com dores no joelho e não conseguia treinar. Só jogava, mas foi suficiente para ajudar o time a se salvar. Durante as férias deste ano, foquei na minha recuperação física e coloquei duas metas: brigar pelo título e ser artilheiro."
Por enquanto, os dois objetivos estão sendo cumpridos com louvor. O Hiroshima lidera o Campeonato Japonês com nove pontos de vantagem para o Kawasaki Frontale, segundo colocado, e caminha para sua quarta conquista em sete anos.
Já Patric tem um gol a mais que Jô, ex-Corinthians e atualmente no Nagoya Grampus, que é o vice-artilheiro da competição.
"As pessoas acham que um atacante de 1,88 m é necessariamente homem de área. Mas não é essa minha característica. Sou um jogador de movimentação. Antes de me machucar, eu era o número 1 do Japão em arrancadas. Esse é meu diferencial."
O sucesso do outro lado do mundo faz Patric acreditar que hoje teria vaga em "qualquer clube do futebol brasileiro". Situação bem diferente da vivida entre 2011, quando fez parte do elenco do Vasco que foi campeão da Copa do Brasil, mas raramente saía do banco de reservas.
"Naquela época, o Vasco era demais para mim. Mas, pelo crescimento que tive no futebol e pelos títulos que conquistei no Japão, acredito que a situação de hoje é completamente diferente."
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
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Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.