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Rafael Reis

Final da Champions mostra força de país 154º colocado no ranking da Fifa

Rafael Reis

05/05/2018 04h00

Os 550 mil habitantes de Suriname terão um motivo especial para acompanhar com atenção a final da Liga dos Campeões da Europa, no próximo dia 26, e torcer para que o Liverpool encerre a hegemonia do Real Madrid no torneio.

O país, que faz fronteira com os estados do Amapá e do Pará, conta com a seleção 154ª colocada no ranking da Fifa e tem um futebol tão incipiente que nem é aceita pela confederação do continente onde está localizado, terá dois representantes na decisão da competição interclubes mais importante do planeta.

Apesar de terem nascido na Holanda, o zagueiro Virgil van Dijk e o meia Georginio Wijnaldum, prováveis titulares dos "Reds" no confronto com o Real, são cidadãos surinameses e poderiam defender a camisa da seleção que nunca disputou uma Copa do Mundo.

Van Dijk, o zagueiro mais caro da história do futebol (78,8 milhões de euros, ou R$ 334,7 milhões), é filho de mãe surinamesa com pai holandês. Já a família de Wijnaldum é 100% natural da América do Sul, e seus pais migraram para a Europa antes do seu nascimento.

A dupla mostra como o futebol do Suriname, uma antiga colônia da Holanda que só se tornou realmente independente durante a década de 1970, sofre com a perda de talentos para a antiga metrópole.

Os ex-meias Clarence Seedorf e Edgard Davids, que fizeram sucesso com a camisa laranjas nas décadas de 1990 e 2000, nasceram lá, assim como o ex-centroavante Jimmy Floyd Hasselbaink, que jogou no Chelsea.

Além deles, vários outros atletas de origem surinamesa preferiram jogar pela seleção da Holanda a defender o país onde estão suas raízes.

Para a seleção surinamesa, sobra o resto: jogadores que atuam no próprio país e um ou outro nome que fez a vida na Holanda, mas percebeu que não teria chance nenhuma de emplacar uma carreira na equipe europeia.

Só que esse resto é muito pouco. O melhor resultado da história da ex-colônia holandesa foi a sexta colocação conseguida na Copa Ouro de 1977.

As eliminatórias do Mundial da Rússia-2018 duraram apenas dois jogos para os surinameses. Ainda em 2015, o time perdeu dois jogos para Nicarágua (1 a 0 e 3 a 1) e foi eliminado na segunda fase do qualificatório da Concacaf.

Apesar de estar geograficamente localizado na América do Sul, o Suriname não disputa as mesmas competições que Brasil, Argentina, Colômbia e Uruguai. Assim como Guiana e Guiana Francesa, eles não fazem parte da Conmebol por critérios técnicos –seriam sacos de pancada para os outros países do continente.

Por isso, foram acolhidos pela Concacaf, a Confederação que reúne as nações da América do Norte, da América Central e do Caribe, que está cheia de seleções com futebol menos desenvolvido.

De acordo com o Blog do Marcel Rizzo, a Conmebol até pensa em mudar essa situação e convidar Suriname para se tornar um dos seus afiliados. A razão principal dessa mudança, no entanto, não é técnica, mas sim de fortalecimento político.

Liverpool, dos surinameses Van Dijk e Wijnaldum, e Real Madrid decidem o título de campeão europeu da temporada 2017/18 no dia 26 de maio, um sábado, em Kiev, capital da Ucrânia.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.