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Como o Leicester venceu tragédia e desmanche para viver novo conto de fadas

Rafael Reis

07/12/2019 04h00

Há quase dois meses, o Leicester só sabe o que é vencer. A sequência de sete vitórias consecutivas na Premier League é a maior da história do clube e não foi atingida nem pelo time que surpreendeu o mundo ao conquistar o título inglês em 2015/2016.

Quatro anos depois de protagonizarem a maior zebra da década (ou seria do século?) no primeiro escalão do futebol europeu, os Foxes estão aprontado novamente.

Crédito: Divulgação

Com cerca 40% da temporada já disputada, a equipe que até pouco tempo atrás era quase uma anônima fora das fronteiras da Inglaterra está à frente de Manchester City, Arsenal, Tottenham e Manchester United. Vice-líder do campeonato nacional mais badalado do planeta, só está atrás do Liverpool (35 pontos, contra 43).

Mas, para voltar a atrair os holofotes e ganhar novamente o rótulo de "sensação da temporada", o Leicester precisou renovar praticamente todo o seu elenco e superar uma tragédia que chegou a colocar em xeque seu futuro.

Em outubro do ano passado, o clube foi abalado pela morte do seu proprietário, o tailandês Vichai Srivaddhanaprabha, que sofreu um acidente de helicóptero após uma partida do time azul – a aeronave caiu do lado de fora do King Power Stadium.

Um dos filhos do empresário, Aiyawatt Srivaddhanaprabha, de só 34 anos, herdou do pai não apenas o Leicester, mas também a missão de dar continuidade ao processo de reconstrução do time vencedor do Inglês em 2016.

Sem N'Golo Kanté e Riyad Mahrez, duas peças chaves naquela conquista e que foram negociados com Chelsea e Manchester City, respectivamente, e com um elenco bastante veterano, o clube teve praticamente de começar do zero para voltar a ser competitivo.

Isso explica o desempenho bem mediano da equipe nas últimas temporadas. Em 2016/2017, o ano pós-título, os Foxes ficaram na 12ª colocação do Inglês. Na edição seguinte, saltaram para o nono lugar. Na temporada passada, repetiram a dose. E, agora, são vice-líderes.

Só dois dos titulares da campanha do título continuam sendo essenciais no elenco agora comandando por Brendan Rodgers (ex-Liverpool): o goleiro Kasper Schmeichel, capitão do time na maioria das partidas, e o atacante Jamie Vardy, artilheiro da Premier League com 14 gols.

O restante do time é formado, em geral, por jovens que foram formados em sua base ou garimpados pelo Leicester em clubes menores ao longo das últimas temporadas.

O meia James Maddison, autor de sete assistências na temporada, tem 23 anos e foi contratado do Norwich. O lateral esquerdo Ben Chilwell, também da seleção inglesa, está com 22 e é cria da casa. O volante nigeriano Wilfred Ndidi é outro que tem 22 anos e saiu do Genk, da Bélgica.

Juntos, eles têm dado uma liga das mais interessantes. Desde a derrota para o Liverpool, em 5 de outubro, o Leicester só venceu na elite inglesa. No período, emendou triunfos sobre Burnley, Southampton, Crystal Palace, Arsenal, Brighton, Everton e Watford.

Só entre 1962 e 1963 os Foxes haviam conseguido uma sequência tão boa na primeira divisão. Mas, melhor que os sete jogos consecutivos com 100% de aproveitamento, jamais.

Embalado pela série histórica de vitórias, o Leicester visita o Aston Villa, amanhã. Depois, ainda tem mais dois confrontos pela frente (Norwich e Manchester City) antes do aguardado encontro contra o Liverpool, em casa, no Boxing Day (26 de dezembro).


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis