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Como técnico do River Plate foi de "boneco reclamão" a "rei da América"

Rafael Reis

17/11/2019 04h00

"Ele tem gênio forte. A vontade que tem de ganhar sempre faz com que reclame bastante. E foi assim que a gente começou a se aproximar. No intervalo de uma partida, ele veio reclamar que não passei uma bola para ele. Entramos no vestiário discutindo feio e ficou aquele clima. Uma semana depois, ele foi a um churrasco em casa e nos acertamos".

As palavras do ex-atacante brasileiro Luciano Emílio, que atuou ao lado de Marcelo Gallardo no DC United (EUA), em 2008, mostram um pouco da personalidade do técnico do River Plate, adversário do Flamengo na decisão da Libertadores-2019.

Crédito: Marcelo Endelli/Getty Images

Antes de conquistar dois títulos do torneio continental (2015 e 2018) em seis anos no comando da equipe de Buenos Aires, virar uma espécie de "Rei da América" e virar até mesmo candidato a assumir o Barcelona, o argentino era um cara famoso por ser "reclamão".

Gallardo foi um camisa 10 talentoso que passou a maior parte da carreira se revezando entre River e o futebol francês. Ao longo de três passagens pelos "millonarios", conquistou seis títulos nacionais e também uma Libertadores.

Já na França, brilhou ao ajudar o Monaco a conquistar a Ligue 1 na temporada 1999/2000. O meia, que disputou as Copas do Mundo-1998 e 2002, também teve uma rápida passagem pelo Paris Saint-Germain.

Foi logo depois de deixar o PSG que Gallardo desembarcou nos Estados Unidos para defender o DC United e encontrar Luciano Emílio, atacante que havia sido artilheiro e melhor jogador da MLS (Major League Soccer) no ano anterior.

Além da habilidade e do gosto pela vitória do novo companheiro argentino, uma outra característica do "Muñeco" (boneco ou manequim, em tradução para o português) chamou a atenção do brasileiro.

"O Marcelo não se vestia como jogador de futebol. Ele chegava para os treinos usando um terninho, sapatinho, cabelo bem arrumado. Parecia mesmo um boneco. Acho que o apelido dele é por causa disso."

Emílio, que até hoje é ídolo nos EUA e toca uma escolinha de futebol na região de Washington, ficou surpreso com o sucesso do antigo parceiro como treinador.

"Na maior parte do tempo, ele era muito caladão. Por isso, eu não tinha essa visão que ele poderia ser um grande técnico. Mas seu trabalho no River é excepcional. Ele montou um time com muita garra e que tem uma transição da defesa para o ataque incrivelmente rápida", analisa.

Crédito: Reprodução

E o mais incrível é que o brasileiro acabou presenciando o início do momento em que Gallardo deixou os gramados para virar treinador.

"A última vez em que nos encontramos foi no aeroporto de Montevidéu, em 2011. O Marcelo estava chegando para jogar no Nacional e eu, no Danubio. Demos um abraço forte e aquele beijo tipicamente argentino. Achei que íamos nos enfrentar no Uruguai, só que depois não nos encontramos mais."

"O Marcelo logo se machucou e, pouco depois que voltou, virou treinador do Nacional [único clube que dirigiu além do River]. Eu também tive problemas físicos e pedi para deixar o Danubio porque não estava justificando meu salário", completa.

Flamengo e River decidem no próximo sábado, em Lima (Peru), qual é o melhor time da América do Sul neste ano. Os brasileiros, campeões em 1981, buscam o segundo título de Libertadores de sua história. A equipe argentina, vencedora em 1986, 1996, 2015 e 2018, quer o penta.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis