Perder a queda de braço com o PSG pode ser o melhor para futuro de Neymar
Rafael Reis
26/07/2019 04h20
Neymar faltou à reapresentação do elenco do Paris Saint-Germain e tornou pública sua decisão de mudar de clube no dia 8 de julho. Mais de duas semanas se passaram desde então, mas sua situação pouco mudou.
O atacante viajou para a Ásia, mas ainda não jogou na pré-temporada. Barcelona e Real Madrid já andaram conversando sobre sua contratação, mas não ofereceram nada que tenha passado perto de agradar o PSG.
Como falta mais de um mês para o fechamento da janela de transferências, ainda há tempo para essa novela ganhar capítulos mais decisivos e conceder ao brasileiro o que ele tanto quer: uma nova equipe para defender.
Só que existe a possibilidade de o PSG se manter firme na convicção de só vender o astro pelos 222 milhões de euros (R$ 961,8 milhões) que desembolsou por ele dois anos atrás e não conseguir um comprador disposto a desembolsar tamanha quantia de dinheiro.
E aí, o que será de Neymar se tiver de encarar uma temporada inteira vestindo uma camisa que ele fez questão de deixar claro que não gostaria mais de usar?
Bem, perder a queda de braço com o PSG e permanecer no clube a contragosto talvez seja o que de melhor pode acontecer para o futuro do principal e mais celebrado jogador brasileiro de sua geração.
É claro que, esportivamente falando, Barça e Real seriam opções mais empolgantes. Voltar à Espanha deixaria Neymar mais próximo de conquistar novamente a Liga dos Campeões e retornar à disputa dos prêmios individuais mais desejados.
Mas, lidar com a frustração de ver seu planejamento para a carreira dar errado e ter de, pela primeira vez desde que se profissionalizou, jogar em um time onde não quer estar pode dar ao brasileiro algo que tanto lhe falta.
Apesar de já ter 27 anos, ser pai e ter uma carreira profissional invejável, Neymar não é um homem pronto. Em vários episódios dentro e fora de campo, fica nítido que ele ainda precisa de mais maturidade.
E poucas coisas no mundo tornam alguém mais maduro do que as decepções pessoais e profissionais.
Se continuar na França, Neymar talvez perceba que ninguém é 100% dono do seu destino, que há outras pessoas e instituições mais fortes que ele, que contratos precisam ser respeitados e, principalmente, que sua importância no mercado internacional da bola diminuiu consideravelmente desde 2017.
Permanecer no PSG por mais um ano não é nenhum fim do mundo, mas sim uma possibilidade inédita de autorreflexão para o camisa 10 brasileiro, que pode sair dessa experiência como uma pessoa (e até um jogador de futebol) bem melhor.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.