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Por onde andam os times comunistas que faziam sucesso na Guerra Fria?

Rafael Reis

29/04/2019 04h00

Durante os tempos de Guerra Fria, o futebol europeu era bem diferente do atual. Algumas das potências atuais, como Real Madrid, Juventus e Bayern de Munique, já estavam lá, brigando anualmente por títulos continentais.

Mas muitos dos seus adversários mais perigosos eram equipes que praticamente caíram no esquecimento ao longo das últimas três décadas: os times dos países comunistas, que recebiam todo o amparo estatal e serviam como propaganda do regime vermelho.

O "Blog do Rafael Reis" apresenta abaixo um "Por Onde Andam?" de oito clubes do bloco socialista da Europa que fizeram sucesso no futebol continental durante os anos em que o mundo era dividido entre capitalistas e comunistas.

ESTRELA VERMELHA (SER)

Crédito: Reprodução

Maior vencedor do futebol iugoslavo, com 19 títulos nacionais entre 1951 e 1992, alcançou o ápice de sua história em 1991, quando derrotou o Olympique de Marselha nos pênaltis e conquistou o título da Liga dos Campeões. Após a queda do comunismo e a dissolução da Iugoslávia, o Estrela Vermelha nunca mais foi o mesmo. Apesar de ser o atual campeão da Sérvia e estar a caminho do bi, o clube já não consegue mais resultados de expressão no cenário europeu. Na atual temporada, até disputou a fase de grupos da Champions, mas terminou na última posição do seu grupo e com goleadas sofridas contra PSG (6 a 1 e 4 a 1) e Liverpool (4 a 0).

STEAUA BUCARESTE (ROM)

Crédito: Divulgação

O time oficial do Exército romeno foi o clube do bloco comunista da Europa que fez maior sucesso internacional durante a Guerra Fria. O Steaua foi a primeira equipe "vermelha" a ganhar a Champions (1986, sobre o Barcelona) e ainda chegou à final de 1989, quando foi derrotada pelo Milan. Após a mudança de regime, o clube foi privatizado e perdeu até mesmo o direito de usar seu nome. O hoje FCSB não ganha o Campeonato Romeno desde 2015 e nunca passou da fase de grupos da versão moderna da Champions, iniciada em 1992.

PARTIZAN BELGRADO (SER)

Crédito: Reprodução

Arquirrival do Estrela Vermelha no futebol da Iugoslávia, foi o primeiro time de um país socialista a disputar a final do principal torneio interclubes da Europa. Em 1966, perdeu por 2 a 1 a decisão para o Real Madrid. O clube é a grande força do momento na Sérvia: já ganhou seis títulos nacionais nesta década e está a caminho do sétimo. Na temporada passada, conseguiu vencer a fase de grupos da Liga Europa, mas parou na primeira rodada dos playoffs decisivos.

VIDEOTON (HUN)

Crédito: Divulgação

O clube nunca foi propriamente uma potência do futebol húngaro, tanto que só foi campeão nacional pela primeira vez em 2011, bem depois do fim do comunismo no Velho Continente. Mas, em 1985, fez história ao chegar na final da Copa da Uefa (hoje Liga Europa) e perder o título para o Real Madrid. Campeão húngaro do ano passado, o clube vendeu em 2018 seu nome para uma empresa petrolífera e passou a se chamar MOL Vidi.

SLOVAN BRATISLAVA (SVK)

Crédito: Divulgação

Em 1969, o clube se tornou o primeiro representante do bloco comunista a ganhar um título europeu ao derrotar o Barcelona e levar para o Leste Europeu a taça da Recopa, competição que reunia os vencedores das copas nacionais de cada país. Essa foi a única vez que o Slovan Bratislava realmente brilhou internacionalmente. Depois da divisão da Tchecoslováquia, o time se formou a principal força do futebol eslovaco. Na atual temporada, encerrou um tabu de cinco anos e voltou a ganhar o título nacional.

MAGDEBURG (ALE)

Crédito: Divulgação

Nos tempos em que a Alemanha era dividida em dois países, o Magdeburg foi o único clube da porção oriental (e socialista) a ganhar um título continental. O time sagrou-se campeão da Recopa de 1974, quando desbancou o Milan. Após a reunificação germânica, a equipe se perdeu nas divisões inferiores do país. No ano passado, venceu a terceirona e conseguiu o acesso para a 2. Bundesliga. No entanto, nesta temporada, está lutando contra o rebaixamento.

DÍNAMO KIEV (UCR)

Crédito: Divulgação

Único clube do bloco socialista que ganhou dois títulos europeus, o Dínamo Kiev levantou a Recopa em 1975 e 1986. Durante o período em que a Ucrânia fazia parte da União Soviética, ganhou 13 ligas nacionais e foi o maior campeão da URSS. Após a independência do seu país, chegou a emendar 11 títulos ucranianos consecutivos antes de ser desbancado pelo crescimento do Shakhtar Donetsk. Ainda hoje, é presença frequente fases de grupos da Liga dos Campeões, mas não avança para os mata-matas desde 1999, quando foi semifinalista.

DÍNAMO TBILISI (GEO)

Crédito: Reprodução

Junto com o Dínamo de Kiev, a equipe georgiana foi a única representante do futebol soviético a ganhar algum título no cenário europeu. Em 1981, o Dínamo Tbilisi venceu uma final 100% comunista contra o Carl Zeiss Jena, da Alemanha Oriental, e faturou a Recopa. O fim da URSS também decretou o declínio do clube. Apesar de ser o maior vencedor da Geórgia, com 16 taças nacionais, o Dínamo nunca conseguiu chegar sequer à fase de grupos da Liga dos Campeões. Nesta temporada, caiu logo na primeira rodada das eliminatórias da Liga Europa.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis