Mais caro de 2007 vai de "novo Ronaldinho" na Europa a figurante no Brasil
Rafael Reis
19/07/2017 04h00
Em dez anos, o jogador brasileiro mais caro da janela de transferências da temporada 2007/08 do futebol europeu deixou de ser o "novo Ronaldinho" e o futuro camisa 10 da seleção para se tornar um mero coadjuvante no futebol nacional.
Anderson chegou ao Manchester United no dia 2 de julho de 2007 após o clube inglês pagar 31,5 milhões de euros (R$ 115 milhões, na cotação atual) ao Porto.
A contratação do jogador gaúcho foi o maior negócio envolvendo um atleta brasileiro naquela temporada e, até então, o terceiro maior da história –apenas as idas de Ronaldo para o Real Madrid (2002) e Ronaldinho para o Barcelona (2003) haviam movimentado mais grana.
Mesmo com o alto valor da transferência, nada naquele momento indicava que o United não deveria fazer um investimento tão alto por Anderson.
Aos 19 anos, o meia parecia seguir a mesma cartilha de sucesso de Ronaldinho, que brilhava com a camisa do Barcelona e havia sido eleito o melhor jogador do mundo em dois dos últimos três anos.
Tal como Ronaldinho, Anderson havia surgido como um fenômeno adolescente no Grêmio, feito sucesso nas categorias de base da seleção brasileira e passado por uma liga menor (Portugal) antes de desembarcar em um dos maiores clubes do planeta.
Mas as coincidências com o astro do Barça acabaram assim que o brasileiro vestiu a camisa vermelha do United. Para começar, Alex Ferguson decidiu alterar sua posição em campo e transformou o habilidoso e criativo meia-atacante gaúcho em uma espécie de volante.
Inicialmente, Anderson até seu adaptou bem à nova função. Em seus dois primeiros anos de Inglaterra, foi titular da equipe, conquistou um título de Liga dos Campeões da Europa, disputou os Jogos Olímpicos e frequentou as convocações da seleção brasileira adulta.
Só que a partir de 2010, tudo começou a dar errado para o meio-campista. O jogador sofreu uma grave lesão no joelho esquerdo, foi multado por retornar ao Brasil sem autorização do treinador e bateu o carro enquanto se recuperava da contusão.
Quando retornou ao futebol, Anderson já não era mais o mesmo. O brasileiro começou a ter problemas de peso, enfrentou várias pequenas contusões e foi se afastando cada vez mais do time titular até ser emprestado à Fiorentina em 2014 e cedido gratuitamente ao Internacional no ano seguinte.
No total, Anderson disputou 181 partidas pelo Manchester United e marcou nove gols. Pouco, ou melhor, quase nada para quem custou tanto e era apontado como um futuro candidato ao prêmio de melhor jogador do mundo.
A passagem pelo Inter também esteve longe de impressionar. O meia retornou ao Rio Grande do Sul para atuar no arquirrival do clube onde foi formado, assinou um contrato com salário milionário, chegou a acertar um soco em um companheiro de time durante treinamento e acabou rebaixado para a Série B no ano passado.
Mas Anderson não ficou no Inter para disputar a segunda divisão. Em fevereiro, foi emprestado para o Coritiba, 12º colocado no Campeonato Brasileiro. Em 16 partidas pela equipe paranaense, soma três gols e três cartões amarelos.
Recentemente, o jogador deu entrevistas afirmando ter propostas de Portugal e Turquia para retornar à Europa. Mas, dez anos depois de desembarcar no Manchester United como candidato a astro internacional, Anderson certamente não seria um dos brasileiros mais caros da atual janela de transferência.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
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Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.