Lateral venceu racismo, depressão e suicídio para jogar final da Champions
Danny Rose tem motivos de sobra para sorrir neste sábado. Ao pisar no gramado do estádio Wanda Metropolitano para defender o Tottenham contra o Liverpool na decisão da Liga dos Campeões da Europa, o lateral esquerdo terá a certeza de que é um vencedor.
Os últimos anos não foram fáceis para o inglês. Racismo, depressão, suicídio traumático e ameaças a seus familiares fizeram parte da rotina do homem que pode conquistar neste fim de semana o título mais importante de sua carreira.
Em 2017, o jogador foi diagnosticado com depressão. Ao contrário de tantos atletas que preferem esconder esse quadro dos torcedores, Rose fez questão de abrir o jogo e explicar detalhadamente os motivos que o levaram ao abismo.
Em entrevista ao jornal "Independent", o camisa 3 do Tottenham revelou que começou a se sentir mal psicologicamente quando sofreu uma grave lesão no joelho que o deixou oito meses afastado dos gramados.
Episódios difíceis de serem digeridos envolvendo seus familiares trataram de complicar ainda mais seu quadro. Primeiro, seu irmão quase foi baleado durante um assalto. Depois, veio a verdadeira tragédia. "Ninguém sabe disso, mas meu tio se matou enforcado durante meu período de reabilitação. Isso funcionou como um gatilho [para a depressão] também", afirmou.
Depois de mais de dois anos de terapia e tratamento psiquiátrico, Rose conseguiu controlar seus fantasmas. Só não foi capaz ainda de derrotar de vez outro monstro que o atormenta: o preconceito.
No início da temporada, o lateral teve uma proposta para deixar o Tottenham. O convite até que o interessou. Pelo menos, até de ouvir do dirigente que queria contratá-lo que eles teriam de conversar pessoalmente para que o cartola comprovasse que ele já não estava mais "louco".
Mas o preconceito mais recorrente para Rose nem é aquele que o atinge devido à condição mental que fez questão de tornar pública, mas sim o racial.
Descendente de jamaicanos, Rose nem sabe dizer quantas vezes foi ofendido por torcedores por ter pele negra. Em 2012, quando ainda defendia a Inglaterra sub-21, ouviu vários gritos de macaco durante uma partida contra a Sérvia. Em março deste ano, a cena se repetiu com ele e vários dos seus companheiros da seleção adulta, em Montenegro.
"Estou farto. Tenho mais cinco ou seis anos como jogador profissional e mal posso esperar para poder das as costas para o futebol. Quero cair fora disso tudo", desabafou, depois do incidente.
Mas uma resposta ainda mais forte aos preconceituosos veio dentro de campo. Titular absoluto do Tottenham, ajudou sua equipe a desbancar Borussia Dortmund, Manchester City e Ajax nos mata-matas até alcançar a decisão da Liga dos Campeões.
A equipe londrina e o Liverpool decidem o título europeu a partir das 16h (de Brasília), na casa do Atlético de Madri, na capital espanhola. Os Spurs sonham com o primeiro troféu de Champions de sua história, enquanto os Reds querem festejar a conquista pela sexta vez.
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