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Rafael Reis

Mérito de Pochettino é não querer holofotes, diz ex-companheiro brasileiro

Rafael Reis

28/05/2019 04h00

"O grande mérito do Pochettino é que, em nenhum momento, ele se coloca como protagonista, chama os holofotes para si e quer aparecer. Ele exerce a liderança dele sobre os jogadores de forma natural, sem fazer alarde."

A avaliação não é de alguém que passou a prestar o técnico argentino nas últimas semanas, depois da classificação para a decisão da Liga dos Campeões da Europa, mas de um velho conhecido do comandante do Tottenham.

Crédito: Michael Regan/Getty Images

O ex-volante Eduardo Costa, que defendeu a seleção brasileira na década passada e vestiu as camisas de Grêmio, São Paulo e Vasco, entre outros, foi companheiro de Mauricio Pochettino antes de ambos trocarem as chuteiras pela carreira de treinador.

Eles jogaram juntos em dois clubes diferentes: no Bordeaux (temporada 2003/04) e no Espanyol (2005/06), onde o ex-zagueiro argentino encerrou a carreira.

"O Mauricio sempre foi um cara de bom relacionamento com as pessoas. Ele se destacava pela leitura de jogo e possuía uma liderança positiva. Já dava para perceber que tinha capacidade total para exercer qualquer função no futebol."

Um episódio em especial, segundo Eduardo Costa, descreve bem o quanto Pochettino dispensa o protagonismo e está mais preocupado em vencer do que em se destacar individualmente.

"No Espanyol, conquistamos a Copa do Rei. Ele era um dos principais jogadores do elenco e já estava no final da carreira. Acabou que durante a temporada ele perdeu a posição de titular para o Dani Jarque, que era da base. Mas, em nenhum momento, ele mudou de comportamento e tumultuou o ambiente. Quando o jogo terminou, ele foi o primeiro a entrar em campo para comemorar o título."

Pochettino jogou profissionalmente entre 1988 e 2006. Zagueiro do Newell's Old Boys que perdeu para o São Paulo na decisão da Libertadores-1992, ele disputou a Copa do Mundo-2002 e também vestiu as camisas de Espanyol, Bordeaux e Paris Saint-Germain.

Sua carreira de treinador começou em 2009, no Espanyol, justamente o clube onde viveu seus melhores momentos nos gramados. O ex-defensor permaneceu três temporadas na Espanha até desembarcar na Inglaterra para comandar o Southampton.

Depois de mais um ano, veio o convite para dirigir o Tottenham. Apesar de jamais ter conquistado um título como treinador, o argentino se consolidou como um dos melhores técnicos de sua geração pela solidez do seu trabalho em Londres.

Mesmo com orçamento inferior ao dos outros cinco grandes do futebol inglês, Pochettino transformou os Spurs em presença fixa na Liga dos Campeões. Só na primeira das suas cinco temporadas no clube, ele não ficou entre os quatro primeiros da Premier League –foi vice em 2016/17.

Agora, conseguiu levar um time que não gastou sequer um centavo nas duas últimas janelas de transferências e que passou a reta final da temporada desfalcado do seu principal jogador, Harry Kane, à decisão do torneio interclubes mais importante do planeta.

Tottenham e Liverpool se enfrentam na final da Champions neste sábado, dia 1º de junho, no estádio Wanda Metropolitano, casa do Atlético de Madri, na capital espanhola. Os Spurs sonham com um troféu inédito. Os Reds buscam o sexto título continental de sua história.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.