Qual era o time de Hugo Chávez e de outros ditadores famosos?
Futebol e política sempre se misturaram. E uma prova disso é como os regimes autoritários do século passado e também os do início dos anos 2000 sempre se aproveitaram da popularidade da modalidade para agradar a população e se manter no poder.
No mês passado, o "Blog do Rafael Reis" revelou os times de coração (ou de conveniência) de sete ditadores importantes do século 20: Adolf Hitler, Benito Mussolini, Josef Stálin, Francisco Franco, Augusto Pinochet, Fidel Castro e António de Oliveira Salazar.
Nesta segunda-feira, é a vez de mostrar a ligação com o futebol de outros sete chefes autoritários de Estado que já estão na história da política mundial. E aí, para que equipes eles torciam?
HUGO CHÁVEZ
Historicamente, a Venezuela não é dos países mais chegados ao futebol e sempre preferiu o beisebol a chutar uma bola. Chávez nunca fugiu dessa regra. Mesmo assim, sua família é bastante ligada ao esporte mais popular do planeta. Um dos seus irmãos, Adelis, é um dos fundadores do Zamora e preside o time que ganhou quatro títulos venezuelanos nesta década. O ex-comandante da Venezuela, que morreu em 2013 em decorrência de um câncer, também abraçou a equipe do irmão e virou torcedor do Zamora.
NICOLAE CEAUSESCU
O comandante linha dura da Romênia socialista durante 24 anos não economizou esforços para transformar seu time preferido em uma das potências do futebol mundial na década de 1980. Dirigido por seu filho mais velho, Valentin, o Steaua Bucareste foi o primeiro clube do Leste Europeu a vencer a Liga dos Campeões, em 1986, e ainda disputou outra final, três anos depois. O sucesso do clube teve uma ajuda danada do poder estatal. Todos os candidatos a jogador de futebol da Romênia precisavam passar necessariamente pela base do Steaua, que ficava com os melhores e descartava os outros para seus rivais locais.
JORGE RAFAEL VIDELA
Primeiro presidente argentino da ditadura militar (1976-1983), Videla ficou conhecido no mundo do futebol devido às suspeitas de que seu governo "comprou" o resultado da Copa do Mundo-1978. Mas, além do poder, o general curtia mesmo uma bolinha. Assim como seus principais aliados no golpe militar na Argentina, Videla era torcedor do River Plate, o que transformou os "Millonarios" em uma espécie de clube oficial da ditadura e alimentou o ódio dos torcedores rivais. O ditador foi sócio-honorário do River até 2003, quando teve o título cassado por um comitê de direitos humanos do clube.
ALFREDO STROESSNER
O general que passou mais de quatro décadas à frente do Paraguai e comandou o país entre 1954 e 1989 quebrou uma das tradições entre ditadura e futebol. Ao contrário de vários líderes, que abraçaram um dos grandes clubes do país para fazer dele o time oficial e peça publicitária do regime, Stroessner nunca foi simpático a Cerro Porteño e Olimpia. Ele permaneceu fiel à sua equipe de coração, o Libertad. Mesmo assim, a terceira força do futebol paraguaio só ganhou dois títulos nacionais durante sua longa passagem pela presidência: 1955 e 1976.
KIM JONG-UN
Como o regime norte-coreano é bastante fechado, são poucas as informações envolvendo Kim Jong-un que ultrapassam as fronteiras e chegam ao restante do mundo. Um desses raros dados que se tornaram de conhecimento público é que o ditador gosta demais de futebol e é torcedor fanático do Manchester United. A revelação foi feita pelo senador italiano Antonio Razzi, um dos poucos interlocutores de Kim no Ocidente, durante entrevista publicada em 2017 pelo tabloide inglês "Sun".
MUAMMAR GADDAFI
O ditador líbio durante 42 anos, que foi morto por oposicionistas em 2011, durante a Primavera Árabe, aparentemente era torcedor do Liverpool. Apesar de nunca ter falado abertamente sobre o assunto, há vários indícios que apontam essa ligação. Em 2002, um dos seus filhos, que inclusive foi jogador de futebol e defendeu Perugia, Udinese e Sampdoria, anunciou a intenção de investir nos Reds. Já após a morte de Gaddafi, fotos do local onde ele estava escondido mostraram uma caneca do clube inglês.
ROBERT MUGABE
Conhecido como "carniceiro" pela brutalidade com que exerceu o comando do Zimbábue entre 1987 e 2017, Mugabe nunca foi duro para falar de futebol. O ex-ditador, que hoje tem 95 anos, admitiu em 2012 que adora acompanhar os jogos da Liga dos Campeões da Europa e que divide seu coração entre Chelsea e Barcelona. O político até deu uma festa para celebrar o último título inglês do clube londrino, conquistado dois anos atrás.
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