Topo

Rafael Reis

Cocaína, prisão e fiasco no Brasil marcam astro de adversário do Palmeiras

Rafael Reis

23/07/2019 04h00

O uruguaio Santiago "Morro" García foi artilheiro do Campeonato Argentino no ano passado e é o capitão e principal estrela do Godoy Cruz, adversário do Palmeiras nesta terça-feira, no confronto de ida das oitavas de final da Libertadores.

Mas o atacante de 28 anos não tem boas recordações do futebol brasileiro. Afinal, foi no país pentacampeão mundial de futebol que ele viveu o momento mais negativo e conturbado de sua carreira.

Crédito: Marcelo Endelli/Getty Images

Morro García defendeu o Athletico-PR entre junho de 2011 e agosto de 2012. Em pouco mais de um ano em Curitiba disputou 18 partidas (sendo que em nenhuma delas permaneceu em campo durante 90 minutos) e marcou apenas dois gols.

O desempenho fraco foi amplificado pelos valores de sua negociação. Contratado por cerca de R$ 7 milhões, o uruguaio era até a semana passada o reforço mais caro da história do clube –foi ultrapassado na última sexta-feira pelo lateral esquerdo Abner, ex-Ponte Preta, que custou R$ 10 milhões.

Sua passagem pelo Brasil também foi marcada por um caso de doping. Pouco depois de assinar com a equipe rubro-negra, o jogador foi suspenso no Uruguai por ter testado positivo para cocaína. A punição recebida por lá, no entanto, não o impediu de jogar aqui.

O fiasco do atacante foi pano de fundo para uma guerra política no Athletico. No final de 2011, Mario Celso Petraglia assumiu a presidência do clube com a promessa de "se livrar" de Morro e recuperar o dinheiro investido no jogador.

Um semestre depois, o dirigente conseguiu devolver o atacante ao Nacional (URU) e reaver a maior parte do valor investido –teve de arcar apenas com taxas e comissões relativas à transferência.

Na época, a diretoria athleticana alegou que havia sido lesada pelo clube uruguaio e pelo estafe do jogador, que estavam cobrando pela transação valores incompatíveis com a qualidade do atacante.

Morro García deu sequência à sua carreira na Turquia, onde defendeu o Kasimpasa. Depois, voltou ao Nacional, onde jogou por mais dois anos e se envolveu em uma grande confusão.

Em 2014, durante um amistoso de pré-temporada, ele se envolveu em uma briga com jogadores adversários e foi parar na prisão. O uruguaio ficou dois dias detido antes de ser liberado para voltar ao futebol.

Dois anos depois, assinou com o Godoy Cruz e começou a dar a volta por cima. Na temporada 2017/18, marcou 17 gols e teve até seu nome ventilado para atuar ao lado de Luis Suárez e Edinson Cavani na seleção uruguaia.

A convocação não veio, e Morro García também não conseguiu manter o mesmo ritmo de gols. Mesmo assim, ainda é a maior esperança do clube argentino para desbancar o campeão brasileiro no torneio continental.

Além do Palmeiras, outros cinco times brasileiros continuam vivos na Libertadores-2019. O Cruzeiro também joga nesta terça-feira, contra o River Plate. Na quarta, Flamengo, Internacional e Athletico enfrentam Emelec, Nacional e Boca Juniors, respectivamente. Já o Grêmio mede forças com o Libertad, na quinta.


Mais de Cidadãos do Mundo

Por onde andam 7 ídolos históricos da Roma?
Os 10 zagueiros mais caros da história do futebol
Vinte e cinco anos depois, por onde andam as "figuras" da Copa-1994?
Maior artilheiro do futebol: quem é o jogador que teria mais gols que Pelé?

 

Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.