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Sem clube, ex-seleção admite erros no passado e quer time para criar raízes

Rafael Reis

07/01/2020 04h00

Sandro foi campeão da Copa Libertadores de 2010 pelo Internacional, medalhista de prata com o Brasil nos Jogos Olímpicos de 2012, disputou 18 partidas pela seleção principal e passou seis temporadas no Campeonato Inglês, a liga nacional mais badalada do planeta.

Mesmo com um currículo desses, o volante não joga futebol profissionalmente há quase oito meses, passou o último semestre treinando separado dos seus companheiros de Genoa, ficou desempregado e agora procura um novo clube para tentar dar a volta por cima.

Crédito: Reprodução

Definitivamente, os últimos tempos da carreira do jogador de 30 anos não correram como ele esperava. Só que Sandro já encontrou o responsável por essa queda: ele mesmo.

"Quando você é novo, joga em um time grande e está na seleção acha que é indestrutível, que pode tudo e que nada de ruim vai acontecer com você. Cometi um erro, e aí tudo começou a dar errado", disse ao blog, por telefone.

A falha da qual o volante se arrepende até hoje foi ter deixado o Tottenham para defender o Queens Park Rangers, em 2014. Na época, a transferência lhe valeu um salário mais alto. Mas esse dinheiro extra não valeu a pena.

"Eu não deveria ter saído naquele momento. Tinha acabado de renovar o contrato, e o Pochettino [técnico argentino que foi vice europeu na temporada passada e dirigiu o time até novembro] estava chegando. Mas pensei mais no dinheiro. Tive uma proposta muito alta e forcei a barra para sair. Só que essa transferência não se concretizou, e eu fiquei queimado por lá. Aí, surgiu a chance de ir para o QPR, e eu achei que deveria aproveitá-la", contou.

Não demorou muito para Sandro perceber que havia feito a escolha errada. Logo na primeira temporada no novo clube, acabou rebaixado para a segundona inglesa. "O dono do QPR disse que não iria mais gastar com o futebol e que não se importava se o time ficasse nas divisões debaixo. Na hora, percebi a fria em que havia me metido".

Teve início, então, uma espécie de via crucis para o volante. O brasileiro começou a rodar de clube em clube, permanecendo durante seis meses ou um ano em cada um deles. Assim, passou sem criar vínculos por West Bromwich (Inglaterra), Antalyaspor (Turquia), Benevento, Genoa e Udinese (Itália).

No começo desta temporada, retornou ao Genoa depois de empréstimo à Udinese e foi avisado que seria negociado. Mas Sandro não gostou de nenhuma das propostas que lhe foram apresentadas e decidiu ficar. Só que acabou afastado do time.

"Não teve nada a ver com técnico. Foi uma decisão da diretoria. Eles montaram o elenco achando que eu seria negociado. Mas nada que surgiu valia a pena para mim. Então, quiseram me punir. Foi difícil ficar sem jogar e ficar treinando separado dos outros jogadores. Quando você não fica nem no banco, todo mundo acha que é porque você está machucado. Mas estou muito bem fisicamente", afirmou.

Sandro só se acertou com a equipe italiana no fim da semana passada, quando rescindiu o contrato que ia até o meio do próximo ano. Agora desempregado, o volante busca um clube para atuar em 2020.

Seu nome já alvo de especulações envolvendo Flamengo e Inter, time em que iniciou a carreira. Mas o volante tem uma exigência da qual não pretende abrir mão: deseja um contrato longo, mesmo que para isso tenha que abrir mão de um salário mais alto.

"Cansei desse negócio de ficar trocando de time a cada seis meses. Quero encontrar uma cidade legal para meus filhos crescerem e criar raízes em algum clube para quem sabe até me aposentar nele", completa.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis