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"Novo Kaká" se decepcionou com fama e curte anonimato na segundona da China

Rafael Reis

27/09/2019 04h00

O camisa 8 do Ghizou Hengfeng não se incomoda com a sensação de anonimato que disputar a segunda divisão chinesa lhe traz. Pelo contrário: para ele, ficar longe dos holofotes é um tremendo alívio.

Foi sendo apenas mais um que o meia brasileiro Sérgio Mota, que um dia foi uma badalada joia das categorias de base do São Paulo e depois ganhou o rótulo de "eterna promessa", passou a viver a melhor fase de sua carreira.

Crédito: Divulgação

Já são dois anos de China. Na atual temporada, marcou sete gols e deu três assistências. Contribuição essencial para ajudar o Hengfeng a ser um dos líderes da segundona e estar a um passo do acesso.

"Esse tempo que estou aqui é o melhor momento da minha carreira. E não só dentro de campo. Estou mais maduro, parei de ligar para as críticas. É claro que o peso de eles [chineses] não saberem quem sou facilita um pouco. Mas aqui é ótimo. Temos tudo do bom e do melhor", afirma.

Cria da base são-paulina, o meia foi um dos destaques da equipe vice-campeã da Copa São Paulo de 2007 e imediatamente passou a ser tratado no Morumbi como futuro craque do time adulto.

Ainda com 17 anos, ganhou suas primeiras chances na equipe principal. Foi chamado de "novo Kaká" e "novo Raí", mas nunca se firmou. Depois, foi emprestado a Toledo, Ceará, Icasa e Santo André.

Em 2012, já rotulado como "eterna promessa", viu seu contrato com o São Paulo chegar ao fim e passou a perambular por equipes menores. Com essa fama grudada em sua testa, atuou no interior paulista, em Alagoas, no Ceará, em Minas Gerais, em Goiás e viveu uma fase na Luverdense, equipe de Mato Grosso que disputa a Série C do Brasileiro.

"No Brasil, você faz um jogo muito bom e é o suficiente para virar rei. Mas, se perde uma partida, já se transforma no pior cara do mundo. Por mais que eu tentasse não ligar, tinha esse rótulo. E sei que ele me prejudicou muito. Eu era muito jovem e não conseguia assimilar bem isso", diz o meia de 29 anos.

Foi para ter chance de jogar em um lugar onde seu nome não fosse imediatamente ligado ao status de "eterna promessa" que Sérgio Mota agarrou com unhas e dentes a oportunidade de jogar na China.

Na primeira temporada, não impediu o rebaixamento para a terceira divisão com o Zhejiang Yiteng. Mas mudou de time para 2019 e agora está a poucos pontos do acesso – a quatro rodadas do fim da competição, o Hengfeng divide a liderança da Ligue One com o Qingdao Huanghai.

"Meus sonhos são conseguir o acesso, jogar a primeira divisão no próximo ano e continuar evoluindo. É muito superficial querer melhorar para mostrar aos outros. Quero melhorar para mim. Talvez tenha demorado um pouco para minha maturidade chegar, mas que bom que chegou", afirmou.

E será que retornar ao Brasil é um desses objetivos para o futuro de Sérgio Mota? "Minha intenção não é voltar tão cedo. Tenho contrato até o ano que vem, com possibilidade de renovação para 2021. Gosto daqui, tenho tudo que quero. No momento, estou feliz", decretou.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis