Para agradar Zidane, Vinícius Jr. muda estilo e dribla menos que Casemiro
Rafael Reis
25/09/2019 04h00
O torcedor do Flamengo que viu o início da carreira de Vinícius Júnior se encantou por um moleque abusado, que não tinha medo dos confrontos diretos com os marcadores e que esbanjava o drible como principal arma para superá-los.
Mas, em sua segunda temporada a serviço do Real Madrid e ainda em busca de consolidação no futebol europeu, o atacante de 19 anos já não é mais esse jogador.
Na tentativa de agradar ao técnico Zinédine Zidane e assim aumentar os minutos em campo nesta temporada, o brasileiro virou um atleta mais coletivo nesta temporada: trocou as jogadas individuais pela troca de passes e passou a se dedicar mais à marcação.
Com isso, acabou aposentando o Vinícius Júnior driblador, o talento bruto que fez o Real desembolsar 45 milhões de euros (R$ 206,6 milhões) por um menino que ainda nem havia alcançado a maioridade.
Os números do "WhoScored?", site especializado nas estatísticas do futebol, provam o quão radical e rápida foi essa transformação.
Na temporada passada, o brasileiro foi o jogador mais driblador do elenco do clube espanhol, com média de 2,3 jogadas individuais por partida. Já no ranking de 2019/2020, ele ocupa apenas a oitava colocação.
Agora, o camisa 25 tem média de apenas um drible por jogo. A marca é inferior até às de atletas que não levam nenhum jeito para esse fundamento, casos do meia-atacante "tático" Lucas Vázquez e do volante Casemiro, que driblam 1,2 vezes a cada apresentação.
Mas a nova versão de Vinícius Júnior tem sido um desastre. O jornal espanhol "Marca" publicou que "seu brilho e alegria se apagaram". Seu futebol também tem descontentado a torcida do Real e nem vem sendo suficientemente eficiente para ganhar o coração de Zidane.
O atacante participou de cinco das seis partidas da equipe merengue nesta temporada, mas só permaneceu em campo durante os 90 minutos em uma delas, na vitória por 3 a 2 sobre o Levante, há 15 dias.
Graças à lesão de Eden Hazard, Vinícius Júnior até começou 2019/2020 como titular, só que foi perdendo espaço com o passar das rodadas e agora nem é mais a primeira opção ofensiva de Zidane no banco de reservas.
Na estreia da Liga dos Campeões, que terminou em derrota por 3 a 0 para o Paris Saint-Germain, na semana passada, o brasileiro só entrou no fim do jogo, depois que o treinador já havia lançado outros dois homens de frente (Vázquez e Luka Jovic).
Já no último fim de semana, viu Vázquez novamente ser utilizado no segundo tempo e não saiu do banco na vitória por 1 a 0 sobre o Sevilla.
A perda de espaço no Real também tirou Vinícius Júnior da seleção brasileira. Depois de estrear com a amarelinha no início do mês, contra o Peru, o atacante não foi convocado por Tite para os amistosos contra Nigéria e Camarões, no começo de outubro.
O Real iniciou a sexta rodada do Campeonato Espanhol na vice-liderança, com os mesmos 11 pontos do Athletic Bilbao, primeiro colocado. Amanhã (26), recebe o Osasuna e pode sair de campo no topo da classificação.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
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Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.