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Para braço direito de Mourinho, deixar Neymar escapar foi grande decepção

Rafael Reis

29/07/2019 04h00

Ao longo de 20 anos de carreira nos bancos de reserva, o português José Morais já trabalhou com inúmeras estrelas do futebol mundial. Cristiano Ronaldo, Luka Modric, Marcelo, Wesley Sneijder, Samuel Eto'o, Eden Hazard e Frank Lampard são alguns desses grandes nomes que passaram por suas mãos.

Mas há um astro que o tradicional braço direito de José Mourinho não conseguiu comandar. E essa espécie de frustração o acompanha até hoje.

Crédito: Divulgação

"Foi uma pena não termos conseguido contratar o Neymar. Ele teria sido um jogador importante para o Real Madrid. Tivemos essa possibilidade, mas ela acabou não se concretizando", afirmou, em entrevista por telefone.

O episódio ao qual Morais se refere aconteceu em 2013. Na época em que decidiu deixar o Santos para desembarcar na Europa, o craque brasileiro tinha duas propostas em mãos. Apesar do interesse do Real, o brasileiro acabou optando pelo Barcelona.

Na época, o português era o principal auxiliar de Mourinho no comando do clube da capital espanhola. Eles também trabalharam juntos no Porto, na Inter de Milão e no Chelsea.

A parceria rendeu dois títulos de Liga dos Campeões da Europa e uma amizade que persiste até hoje. "Ele sempre me liga para saber como estou, nos falamos bastante. É como se fosse um irmão para mim".

Atualmente, Morais está em voo solo. Desde janeiro, ele comanda o Jeonbuk Hyundai, atual bicampeão sul-coreano e que lidera esta temporada. Isso significa que a irmandade com Mourinho está rompida? De jeito nenhum.

"Acredito que nossa parceria apenas esteja de férias. Ele foi importante na minha carreira e faz parte da minha família. O melhor da vida é estarmos do lado de quem a gente gosta. No dia que ele precisar, eu volto para casa."

Morais é um fiel escudeiro do treinador português, desempregado desde que deixou o comando do Manchester United, em dezembro do ano passado, e faz questão de defendê-lo das críticas mais costumeiras.

Quando questionado se o velho companheiro é arrogante e de difícil trato, logo responde: "O Mourinho é acima de tudo um grande comunicador. Mas é um ser humano como todos os outros, tem emoções. Ele é uma pessoa muito direta, espontânea, autêntica, que não faz de conta. Ele diz o que sente no momento. Aí, depende da sua relação com ele se vai entendê-lo ou não."

O auxiliar e hoje técnico também faz questão de explicar a fama de retranqueiro que acompanha a carreira do amigo e mentor.

"Há momentos certos para o futebol bonito. O Chelsea arrasador do Mourinho era um time que jogava um futebol bonito. Isso tem a ver com jogadores, tempo de trabalho e cultura do clube. O mais importante do Mourinho é que ele é autêntico, não copia nada."

"Assim como o Guardiola, ele saiu da escola do Barcelona [onde trabalhou como intérprete e auxiliar]. Então, sabe tudo que é preciso para praticar o mesmo estilo de jogo de Pep. Porém, tem uma visão um pouco diferente do futebol porque prefere um jogo com mais objetividade", completou o português.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis