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Como Fabinho foi de "jogador de empresário" a "coração" do Liverpool

Rafael Reis

29/05/2019 04h00

Quem vê Fabinho comandando o meio-campo do Liverpool e a três dias de disputar a primeira final de Liga dos Campeões da Europa de sua carreira mal imagina que, em um passado nem tão distante assim, ele carregava um dos piores rótulos que um atleta de futebol pode ter.

"Lá vem mais um jogador de empresário". Foi isso que muitos torcedores do Real Madrid e jornalistas que cobrem o gigante espanhol pensaram ao ver o brasileiro desembarcar no clube em 2012.

Crédito: Getty Images

A desconfiança não era descabida. Na época, Fabinho era um lateral direito de 18 anos, que nunca havia disputado uma partida como profissional, era completamente desconhecido na Europa e acabara de ser contratado do Fluminense pelo Rio Ave, um clube pequeno do futebol português.

Em compensação, tinha sua carreira administrada por Jorge Mendes, o mesmo empresário que cuidava da estrela máxima (Cristiano Ronaldo) e do técnico do Real (José Mourinho) naqueles tempos.

Em 2012, o agente português era o grande parceiro comercial do clube espanhol e emplacava um jogador atrás do outro por lá: Pepe, Fábio Coentrão, Ricardo Carvalho e vários garotos (que passaram pelas categorias de base e não se firmaram).

Natural que quem acompanhava o dia a dia do Real pensasse que Fabinho era apenas mais um nome do "pacote Jorge Mendes" que havia sido contratado (por empréstimo) graças à influência do agente. O próprio jogador admitiu anos mais tarde que achou estranha sua ida para Madri.

"Achei que ficaria mais tempo no clube [Rio Ave], até porque já tinha alugado uma casa. De repente, recebo uma ligação do meu agente: 'Fabinho, arruma as tuas coisas que vais para Espanha'. Falei: 'Mas já? 'Nem sequer joguei no Rio Ave e já vou para o Real Madrid?", disse, ao jornal português "O Jogo".

Mas Fabinho soube aproveitar a oportunidade. Foi tão bem nos 30 jogos que fez pelo Real Madrid Castilla que ganhou a chance de estrear pelo time principal (contra o Málaga, pelo Campeonato Espanhol) e acabou descolando uma transferência para o Monaco.

Na França, explodiu. Ao longo de cinco temporadas, trocou a lateral pelo meio-campo, foi campeão nacional, chegou às semifinais da Champions, disputou seus primeiros jogos pela seleção brasileira e convenceu o Liverpool a desembolsar 45 milhões de euros (R$ 202 milhões) pelo seu futebol.

Em julho, mudou-se para a Inglaterra. A adaptação do jogo imposto pelo técnico Jürgen Klopp demorou um pouco. Fabinho só estreou na Premier League na nona rodada. Na décima, já era titular. E, desde então, não saiu mais do time.

Segundo dados do "WhoScored?", o brasileiro é o segundo jogador da equipe que mais desarma na temporada (2,1 por jogo) e também o meio-campista que mais toca na bola (57,5 por partida). Para alguém que era apenas um "jogador de empresário", até que está bom, né?

Liverpool e Tottenham se enfrentam na final da Champions no dia 1º de junho, no estádio Wanda Metropolitano, casa do Atlético de Madri, na capital espanhola. Os Reds buscam o sexto título de sua história. Já os Spurs sonham com um troféu inédito.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis