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Como Liverpool montou "Dream Team" com refugos, rebaixados e apostas

Rafael Reis

25/05/2019 04h00

Antes de se transformar em ídolo do Liverpool, Mohamed Salah já havia tido uma passagem pelo futebol inglês que durou míseros 19 jogos pelo Chelsea. Um dos heróis da classificação para a final da Liga dos Campeões, Georginio Wijnaldum chegou a Anfield depois de ser rebaixado com o Newcastle. Virgil van Dijk nunca havia defendido um time do primeiro escalão europeu antes de virar o líder da defesa dos Reds.

Os três casos acima deixam bem claro qual é a gênese da equipe comandada pelo técnico alemão Jürgen Klopp, que decide no próximo sábado a Champions League 2018/19 contra o Tottenham.

Crédito: Divulgação

Ao contrário do Real Madrid, que ganhou as três últimas edições do torneio continental apoiado em um elenco com várias estrelas consagradas, o Liverpool precisou criar seus próprios protagonistas.

O grupo dos Reds é formado basicamente por jogadores que deram errado em outros times grandes do Velho Continente, atletas com carreira bem mediana que chegaram até a enfrentar o rebaixamento e apostas que ainda não haviam sido testadas em equipes de alto nível.

Na primeira categoria, a dos refugos, o destaque é Salah. Autor de 26 gols nesta temporada, o atacante egípcio só foi parar no Liverpool porque não conseguiu se firmar anos antes no Chelsea.

O camisa 11 ficou contratado do clube londrino entre 2014 e 2016. No período, marcou apenas duas vezes com a camisa azul e, sem espaço no elenco, acabou emprestado a Fiorentina e Roma para não perder ritmo de jogo.

O meia James Milner, vice-capitão da equipe, e o atacante Daniel Sturridge são outros que foram parar no Liverpool em busca de um protagonismo maior do que desfrutavam em clubes de expressão da Europa.

Milner já havia perdido o status de titular absoluto do Manchester City quando migrou para seu time atual. Sturridge mal tinha oportunidades no Chelsea quando passou a vestir a camisa vermelha.

O lateral esquerdo Andrew Robertson e o meia Wijnaldum, autor de dois gols na vitória por 4 a 0 sobre o Barcelona, na semifinal da Champions, estavam em situações ainda piores.

Ambos foram contratados pelo Liverpool depois de terem sido rebaixados para a Championship, a segundona inglesa. O defensor escocês caiu com o Hull City. Já o meia holandês, com o Newcastle.

Mas a maior parte do elenco do Liverpool não é composta nem por refugos, nem por rebaixados. O grosso do time dirigido por Klopp é formado por jogadores que chegaram a Anfield como apostas ainda não testadas em clubes grandes.

Isso vale até para Van Dijk. Apesar de ter custado 78,8 milhões de euros (R$ 356 milhões) e de ser até o hoje o zagueiro mais caro da história do futebol, o atleta só havia atuado em equipes desacostumadas a brigar na elite do Velho Continente (Groningen, Celtic e Southampton).

O mesmo vale para Roberto Firmino (Figueirense e Hoffenheim), Sadio Mané (Metz, Red Bull Salzburg e Southampton), Jordan Henderson (Sunderland e Coventry City), Naby Keita (Istres, Red Bull Salzburg e RB Leipzig) e tantos outros jogadores que podem ser campeões europeus na próxima semana.

Liverpool e Tottenham se enfrentam na final da Champions no dia 1º de junho, no estádio Wanda Metropolitano, casa do Atlético de Madri, na capital espanhola. Os Reds buscam o sexto título de sua história. Já os Spurs sonham com um troféu inédito.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis