Alguém ainda tem coragem de chamar Klopp e Pochettino de perdedores?
Rafael Reis
15/05/2019 04h00
Como você reagiria se o seu time de coração contratasse um técnico que, em dez anos de carreira, jamais conquistou um título? E se o escolhido para o cargo fosse um comandante que até já foi campeão, mas cinco anos atrás, e que passou as últimas temporadas batendo na trave?
"Ninguém quer um pé-frio ou um derrotado". Provavelmente, a resposta da maior parte dos torcedores seria algo nessa linha. Mas tudo mudaria quando as identidades desses treinadores fossem reveladas.
Na concepção cruel dos rótulos que fazem parte da rotina do futebol, o argentino Mauricio Pochettino (Tottenham) e o alemão Jürgen Klopp (Liverpool) podem até ser considerados perdedores.
Mas são esses caras desacostumados a levantar troféus que comandam os times finalistas desta temporada da Liga dos Campeões da Europa, simplesmente o torneio interclubes mais importante do planeta.
A bem da verdade, é preciso ser muito cego para chamar os dois melhores treinadores desta edição da Champions League de perdedores. Ambos possuem carreiras brilhantes. A escassez de taças é algo muito mais circunstancial do que um atestado de incompetência (ou mesmo de fraqueza na hora H).
Pochettino passou metade de sua carreira à frente de Espanyol e Southampton, times onde é praticamente impossível ser campeão de alguma coisa.
Nos cinco anos em que está à frente do Tottenham, conseguiu consolidar um time de orçamento inferior ao dos outros cinco grandes clubes da Inglaterra e só na temporada de estreia terminou a Premier League fora da zona de classificação para a Champions–foi vice em 2016/17.
Já Klopp ficou no quase várias vezes desde que assumiu o Liverpool, em 2015. Na primeira temporada, caiu na final da Copa da Liga e da Liga Europa. No ano passado, foi derrotado pelo Real Madrid na decisão da Liga dos Campeões e, no último fim de semana, e perdeu a disputa cabeça a cabeça com o Manchester City pelo título inglês.
Mas o alemão, que no começo da década rompeu com a hegemonia do Bayern de Munique na Bundesliga e venceu a competição duas vezes com o Borussia Dortmund, tem um outro grande mérito: fez dos Reds uma das equipes mais admiradas e temidas do futebol mundial.
Graças a um jogo baseado em uma sufocante marcação da saída de bola adversário aliada a uma verticalidade absurda no ataque, o Liverpool virou candidato real ao título em todas as competições que disputa.
O troféu ainda vão veio. Mas, assim como acontece com o Tottenham, tudo não passa de uma mera questão de tempo. O trabalho dos seus treinadores é incontestável. Não importa se ele ainda não recheou a sala de troféus.
Pochettino e Klopp decidem no dia 1º de junho, no estádio Wanda Metropolitano, em Madri (Espanha), quem terá a honra de ser o treinador campeão europeu desta temporada e de enterrar de vez as injustas piadas sobre a falta de títulos.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
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Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.