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Por que Neymar desperta tanta antipatia?

Rafael Reis

05/07/2018 04h20

Neymar não é Pelé, Garrincha, Zico, Falcão, Romário, Ronaldo ou Ronaldinho Gaúcho. Apesar de ter futebol para pelo menos pleitear um lugar neste seleto grupo, o maior astro brasileiro de sua geração está longe de ser um ídolo nacional.

O que acontece é justamente o contrário. Cada meme sobre seu gosto por valorizar as faltas que recebe ou comentário nas redes sociais sobre seu novo penteado ou chance de gol desperdiçada mostram que boa parte dos torcedores brasileiros nutre uma grande antipatia pelo camisa 10 da seleção.

E esse sentimento vai além das nossas fronteiras. Só na Copa-2018, Neymar já foi acusado de fazer "palhaçadas" (Juan Carlos Osorio, técnico do México), de ser "patético" (Alan Shearer, ex-atacante da Inglaterra) e de parecer que "estava morrendo" por conta de uma suposta simulação (Peter Schmeichel, ex-goleiro da Dinamarca).

O fenômeno não é exclusivo do Mundial. A lista de jogadores, treinadores e comentaristas que já fizeram comentários ácidos sobre o atacante é farta e inclui até mesmo o atual comandante da seleção, Tite.

Mas, de onde será que vem toda essa onda de antipatia pelo craque do Paris Saint-Germain?

Não dá para classificar todo esse sentimento negativo como inveja pela qualidade técnica e os milhões que o jogador possui em sua conta bancária.

Afinal, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi até possuem seus "haters", mas eles não fazem 10% do barulho de quem não gosta de Neymar. E a imagem global do português e do argentino é mais do que positiva. Eles são admirados e amados como o brasileiro não consegue ser.

Falar que as pessoas não gostam do jogador mais caro da história devido à sua fama de "cai-cai" também seria um grande exagero. O camisa 10 da seleção não é o único jogador que simula ou valoriza faltas.

Até mesmo os jogadores de melhor caráter já exageraram na cara de dor ao sofrerem uma entrada mais dura ou tentaram forçar um pênalti alguma vez na carreira.

A grande chave (apesar de não ser a única) para se compreender a antipatia que Neymar desperta parece ser mesmo a gestão de sua carreira.

Todo jogador tem o direito de mudar de clube quantas vezes quiser e sempre almejar algo melhor para a sequência de sua trajetória. O nome disso é profissionalismo. Mas o planeta parece achar que Neymar exagera nesse direito.

Seu estafe simplesmente não dá ao brasileiro a oportunidade de se tornar ídolo de uma torcida.

Os santistas, que viram o atacante nascer para o futebol, até hoje reclamam do fato de ele ter disputado a final do Mundial de Clubes-2011, contra o Barcelona, já acertado com o rival. Os culés, por sua vez, ainda não digeriram bem a saída do jogador para o Paris Saint-Germain. E os apoiadores do PSG não sentem segurança nenhuma de que em breve seu astro não retornará à Espanha para defender o Real Madrid.

O curioso é que todo mundo que convive com Neymar fala bem dele. O atacante costuma ser descrito por seus interlocutores e companheiros de time como um cara do bem, gente boa mesmo. As opiniões diferentes são bem raras.

Mas essa imagem de quem conhece bem o expoente máximo do futebol brasileiro na atualidade fica restrita a um pequeno grupo.

A antipatia por Neymar é bem maior. E reverter esse sentimento talvez seja sua missão mais complicada. Mais difícil até do que realizar seu sonho de ser eleito o melhor jogador do mundo.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis