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Rafael Reis

Por que a "geração belga" desperta tanto amor e ódio na Copa?

Rafael Reis

28/06/2018 04h00

Faça uma busca pela expressão "geração belga" nas redes sociais. Você provavelmente irá se deparar com uma enxurrada de perfis se derretendo em elogios a Eden Hazard, Romelu Lukaku e Kevin de Bruyne e também com um volume imenso de pessoas acusando a seleção comandada por Roberto Martínez de uma ser "fraude".

Opiniões ponderadas sobre a verdadeira capacidade técnica da equipe que enfrenta a Inglaterra, nesta quinta-feira, às 15h (de Brasília), em Kaliningrado, no confronto que irá definir o primeiro colocado do Grupo C da Copa do Mundo, são raras, praticamente inexistentes.

Mas por que será que a Bélgica, um país sem tanta tradição assim no futebol e quase sem vínculos afetivos (para o bem ou para mal) com torcedores brasileiros, está despertando emoções e avaliações tão conflitantes na Rússia-2018?

Com um grupo de jogadores de qualidade técnica bem acima da sua média histórica, a seleção belga representa um confronto que sempre vem à tona na época dos Mundiais.

De um lado, estão aquelas pessoas que acompanham o dia a dia do futebol internacional, que veem os jogos dos Campeonatos Inglês, Francês e Italiano e que sabem de cor a escalação de times como Everton e Olympique de Marselha.

Para eles, os belgas são uma realidade já bastante consolidada no futebol mundial, já que De Bruyne é o maestro do Manchester City, Thibaut Courtois é há anos um dos melhores goleiros do planeta e Toby Alderweireld e Jan Vertonghen formam a sólida zaga do Tottenham.

Desde a Copa passada, este grupo elegeu a Bélgica como símbolo do seu conhecimento. Falar bem e apostar no sucesso dos "Red Devils" virou cool, um jeito de mostrar aos amiguinhos que você realmente entende do futebol jogado longe dos gramados brasileiros.

Mas toda ação tem uma reação. Ao mesmo tempo em que caiu nas graças dos consumidores vorazes do futebol internacional, a "geração belga" virou uma espécie de piada para quem acompanha pouco o futebol europeu e prefere ver os jogos do Campeonato Brasileiro.

Esses torcedores acusam a Bélgica de ser uma queridinha da "geração Nutella" e de quem acha que o futebol jogado dentro de campo pode ser explicado pelo que acontece nos games.

Essa turma faz questão lembrar que, por mais badalada que seja, a atual geração belga ainda não conquistou nenhum feito realmente impressionante. Na última Copa do Mundo, foi eliminada nas quartas de final pela Argentina. Na Euro-2016, decepcionou ao cair ante País de Gales.

Além disso, jamais emplacou um dos seus astros como finalista do prêmio de melhor do planeta.

Na Copa-2018, pelo menos por enquanto, a Bélgica tem merecido mais elogios que críticas. A seleção passou sem sustos pelos seus dois primeiros compromissos (Panamá e Tunísia), já marcou oito gols e mostrou um futebol dos mais bonitos da competição.

Só que seus críticos já têm uma resposta na ponta da língua para esses elogios. Os adversários que os belgas tiveram até o momento eram fracos demais, e o verdadeiro Mundial da Rússia começa nesta quinta, contra a Inglaterra.

De alguma forma, eles não estão errados. É a partir de hoje que a Bélgica vai mostrar se é realmente uma candidata ao título ou apenas uma seleção formada por jogadores famosos que caíram na graça de parte do público.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.