"Cinderela da Bola", rival do PSG em final tem teto salarial de 3 mil euros
Rafael Reis
08/05/2018 04h00
Durante as cerca de duas horas em que ficará sentado nas tribunas do Stade de France para assistir à decisão da Copa da França, nesta terça-feira, Neymar irá receber do Paris Saint-Germain algo em torno de 8.500 euros (R$ 35,8 mil).
O valor é equivalente a quase três meses de salário dos jogadores mais bem remunerados do Les Herbiers, o adversário do PSG na decisão mais desigual da temporada 2017/18 no futebol europeu.
O time da terceira divisão, que nunca havia ido além das oitavas de final da Copa da França, é um nanico até mesmo para os padrões dos escalões inferiores do futebol local.
Seu orçamento anual é 2 milhões de euros (R$ 8,4 milhões), apenas 25% da grana de que dispõe o Laval, sétimo colocado na terceirona francesa.
Já os ganhos anuais do PSG estão na casa de 540 milhões de euros (quase R$ 2,3 bilhões), ou seja, 270 vezes mais do que os do Les Herbiers.
A diferença financeira fica explícita quando se compara a folha salarial dos dois clubes.
Enquanto o campeão nacional desta temporada e favorito ao título desta terça tem elenco com média salarial mensal de 750 mil euros (R$ 3,1 milhões) e um jogador que ganha mais de 3 milhões de euros (R$ 12,6 milhões) a cada 30 dias, Neymar, o azarão da Copa da França não paga mais de 3 mil euros (R$ 12,6 mil) de salário a nenhum dos seus atletas.
Mesmo assim, conseguiu o milagre de chegar à final do torneio mata-mata mais importante da terra de Michel Platini e Zinédine Zidane.
E foi um milagre com grande pitada de sorte. O clube deu sorte nos sorteios e não precisou enfrentar nenhum time de primeira divisão até a final. Seus adversários mais conhecidos foram duas equipes da Ligue 2, o Auxerre, derrotado por 3 a 0 nas oitavas de final, e o Lens, batido nos pênaltis nas quartas.
O elenco do Les Herbiers, é óbvio, não conta com nenhum jogador conhecido. Os atletas que passam mais perto desse status são o centroavante Adrian Dabasse (ex-Bordeaux) e o meia Joachim Eickmayer, que começou a carreira no Sochaux.
"Se eles chegaram à final é porque mereceram. Havia equipes mais conhecidas na competição, mas elas não estão na decisão. Então, parabéns ao clube por viver um momento histórico. Disputar um título no Stade de France cheio é algo único na vida", disse o técnico do PSG, Unai Emery, ao tomar conhecimento do seu adversário na decisão.
Além da chance histórica de se mostrar para a França e completar com final feliz seu conto de fadas, o Les Herbiers sonha com a classificação para a Liga Europa e com os 2,4 milhões de euros (R$ 10,1 milhões) que conquistará em caso de título – dinheiro suficiente para sustentar o clube por mais de um ano.
"Vamos celebrar este belo final de temporada, aconteça o que acontecer", resumiu à agência de notícias France Presse o presidente do pequeno time do oeste da França, Michel Landreau.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
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Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.