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O que Salah precisa fazer para desbancar Messi e CR7 no Melhor do Mundo?

Rafael Reis

28/04/2018 04h00

Duas semanas atrás, escrevi neste mesmo espaço sobre a possibilidade de Mohamed Salah ser um dos três finalistas da próxima edição do prêmio de melhor jogador do mundo.

No entanto, a fase do egípcio é tão esplêndida e sua atuação na goleada por 5 a 2 do Liverpool sobre a Roma, na terça-feira, no primeiro jogo da semifinal da Liga dos Campeões, deixou tanta gente boquiaberta que me vi obrigado a voltar a esse tema… só que com mais ousadia.

A questão agora não é mais elencar o craque africano com um dos três maiores nomes do futebol na atualidade, mas sim analisar o que ele precisa fazer para desbancar Lionel Messi e Cristiano Ronaldo e levar o prêmio para casa.

Sim, pela primeira vez desde 2007, é possível a chance de o troféu concedido anualmente pela Fifa não ir para as mãos do argentino ou do português que bipolarizam a disputa há mais de uma década.

Como bem escreveu o colega Júlio Gomes, Salah já é o melhor jogador do mundo na temporada 2017/18. O que falta apenas é o resultado de uma eleição que o consagre como tal.

O feito do egípcio (artilharia do Campeonato Inglês e recolocar o Liverpool como um dos grandes do futebol europeu) é muito maior do que qualquer coisa que Messi e CR7 tenham produzido em campo desde agosto passado.

Mas, para convencer eleitores do planeta todo a abdicarem dos votos que vêm dando quase que de forma automática às duas estrelas nos últimos anos para apostar no novo, Salah precisa fazer ainda mais.

O título da Champions é essencial na sua pretensão de ser escolhido o melhor do planeta. Afinal, uma grande conquista seria uma "prova real" de que, pelo menos nesta temporada, ele deixou para trás Messi e Cristiano Ronaldo.

Só que ainda é preciso um passo a mais nesta corrida. Se não fosse, Wesley Sneijder (Inter de Milão) teria vencido a eleição de 2010 e Franck Ribéry (Bayern de Munique) teria levantado o troféu em 2013.

E esse passo a mais atende pelo nome de Copa do Mundo. É aí que reside o grande desafio de Salah.

Por mais que esteja sendo brilhante na Champions, o camisa 11 do Liverpool não será o melhor do mundo se não fizer algo de extraordinário na Rússia-2018. O duro é conseguir isso pela seleção do Egito, que não disputa a competição há 28 anos.

Para ter chances de ganhar o prêmio da Fifa, Salah precisará de grandes atuações individuais no Mundial e de uma campanha histórica com a equipe africana. Oitavas de final? Acho pouco. Quartas? Difícil, mas talvez comece a ser suficiente.

Além disso, o craque terá de contar com a sorte. Se Portugal ganhar a Copa, Cristiano Ronaldo será automaticamente escolhido o melhor do planeta. O mesmo acontecerá com Messi se o astro acabar com o jejum da Argentina.

Kylian Mbappé e Antoine Griezmann, no caso de título francês, Neymar, se o hexa vier para o Brasil, e Kevin de Bruyne, na hipótese de a Bélgica surpreender, também são ameaças reais ao Faraó pelo que jogaram na "temporada regular" ou pelo marketing que construíram ao longo da carreira.

Ou seja, a possibilidade de Salah ser eleito o melhor do planeta também depende de qual será a seleção vencedora da Copa. Suas chances aumentam se a campeã for Espanha ou Alemanha, equipes de futebol mais coletivo e que não contam com um jogador tão "hypado".

Em seu favor, o "Faraó" tem o fato de ser o grande nome da temporada europeia e a possibilidade de o colégio eleitoral africano aderir em peso à sua casa.

Será o suficiente para desbancar Messi e Cristiano Ronaldo? Descobriremos nos próximos meses.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis