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Rafael Reis

É loucura imaginar Salah como finalista de prêmio de melhor do mundo?

Rafael Reis

10/04/2018 04h00

Em dez das últimas 11 edições do prêmio de melhor jogador do mundo, o pódio teve Cristiano Ronaldo, Lionel Messi e mais um (Kaká, Fernando Torres, Xavi, Andrés Iniesta, Franck Ribéry, Manuel Neuer, Neymar e Antoine Griezmann).

Neste ano, a bola da vez para fazer companhia ao português do Real Madrid e ao argentino do Barcelona é Mohamed Salah.

Mas será que o principal jogador do Liverpool, que visita o Manchester City nesta terça-feira em busca da classificação para as semifinais da Liga dos Campeões da Europa, realmente tem chances de ser indicado ao prêmio?

Se fôssemos levar em conta apenas a "temporada regular", ou seja, as competições disputadas pelos clubes entre agosto do ano passado e maio de 2018, as possibilidades de Salah ser finalista do "The Best" seriam enormes.

Contratado pelo Liverpool no início da temporada por 42 milhões de euros (R$ 173,5 milhões), equivalente a menos de 19% do valor da ida de Neymar para o Paris Saint-Germain, o jogador de 25 anos tem jogado demais e desequilibrado em favor dos Reds.

Salah é o artilheiro do principal campeonato nacional do planeta, o Inglês, com 29 gols, e está a apenas cinco bolas nas redes de se tornar o maior goleador de uma única temporada da Premier League.

Além disso, é responsável direto por reconduzir o Liverpool ao posto de potência europeia.

Depois de vencer o Manchester City por 3 a 0 no jogo de ida, o time dirigido por Jürgen Klopp pode perder a partida desta terça por até dois gols de diferença que voltará às semifinais da Champions depois de dez anos.

A questão da popularidade, essencial no prêmio de melhor jogador do mundo, já que a definição dos escolhidos se dá através de votos de técnicos, jogadores, jornalistas e torcedores, também não deve ser problema para Salah.

Apesar de nunca ter figurado sequer entre os 24 indicados pela Fifa, o egípcio joga hoje no campeonato nacional mais visto do planeta e pode ganhar preciosos votos como representante do futebol africano –o continente só ganhou a eleição uma vez, em 1995, com o liberiano George Weah.

O que complica as pretensões de Salah de aparecer lado a lado com Cristiano Ronaldo e Messi na próxima premiação de melhor do planeta é a pós-temporada: a Copa do Mundo.

A não ser que faça chover na Rússia, o atacante provavelmente não passará de um coadjuvante de luxo no Mundial. E a culpa nem é dele, mas sim da seleção egípcia, que voltará ao torneio depois de 28 anos.

E ainda que consiga conduzir sua equipe a uma campanha muito acima das expectativas, como chegar às quartas de final, por exemplo, o astro do Liverpool ainda corre risco de ver sua indicação ser "engolida" por de algum outro jogador que venha a conquistar a Copa.

Se o Brasil faturar o hexa, dificilmente Neymar não aparecerá entre os finalistas do melhor do mundo. O mesmo pode acontecer com Griezmann ou Mbappé em um possível título francês. Ou até mesmo com Harry Kane se a Inglaterra for a zebra da vez na Rússia-2018.

Todos esses cenários complicariam demais a indicação de Salah, já que Messi e Cristiano Ronaldo parecem ter vaga cativa entre os finalistas do prêmio (e, nesta temporada, merecem demais estar entre os três melhores).

Assim, o que resta a Salah é continuar jogando bem e sonhar com um feito que pode quebrar toda essa dinâmica: o título da Champions. Mesmo assim, sua indicação não será uma certeza.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.