Como Talisca renasceu na Turquia e virou astro de zebra da Champions
Rafael Reis
01/11/2017 04h00
Na atual edição da Liga dos Campeões da Europa, Anderson Talisca recebe mais passes que Edison Cavani, recupera mais bolas que Marquinhos, cria mais oportunidades de gol que Andrés Iniesta, dribla mais que Marco Verratti e finaliza tanto quanto Gabriel Jesus.
Não é à toa que o ex-jogador do Bahia é o coração da maior surpresa da Champions nesta temporada.
Embalado pelo bom futebol do meia brasileiro, o Besiktas foi um dos cinco clubes que encerraram a primeira metade da fase de grupo da principal competição interclubes da Europa com 100% de aproveitamento. E o único deles que não faz parte do rol de favoritos ao título.
Nesta quarta-feira, porém, o clube empatou a primeira ao ficar no 1 a 1 com o Monaco e está praticamente classificado para as oitavas de final, com 10 pontos.
Um feito e tanto para um clube que não passa da primeira fase da Champions desde 1987 e que nunca foi além das quartas de final alcançadas há exatamente 30 anos.
O sucesso do Besiktas se deve à chegada de reforços experimentados internacionalmente, como o zagueiro Pepe (Real Madrid), o lateral Adriano (Barcelona) e o volante chileno Gary Medel (Inter de Milão). Mas também ao grande momento vivido por Talisca.
O ex-meia do Bahia desembarcou na Turquia em agosto do ano passado depois de duas temporadas no Benfica em que foi de Yaya Talisca (apelido que ganhou em homenagem a Yaya Touré) e convocável para a seleção brasileira a apenas mais uma opção de banco da equipe portuguesa.
Emprestado ao Besiktas até junho de 2018, o brasileiro virou um novo jogador nas mãos do técnico Senol Günes. Para começar, o treinador turco acabou com as eternas dúvidas sobre qual a posição ideal de Talisca e o efetivou como um segundo homem de ataque, que joga logo atrás do centroavante.
A mudança teve efeito imediato. O ex-Benfica marcou 13 vezes no último Campeonato Turco, foi o vice-artilheiro da equipe na competição e teve papel decisivo na conquista do título nacional.
Nesta temporada, já são dois gols em três jogos de Champions, ambos em cabeçadas, uma de suas especialidades. Mais: segundo o "Who Scored?", site especializado em estatísticas, Talisca tem finalizado na competição europeia tanto quanto Gabriel Jesus, atual camisa 9 da seleção: média de 1,3 conclusão por partida.
A boa fase do brasileiro não tem passado despercebida pelo Mercado da Bola. Alguns gigantes europeus, como Manchester United, Chelsea e Atlético de Madri têm seguido seus passos e já manifestaram intenção de contratá-lo.
Já o Besiktas pretende pagar os 20 milhões de euros (R$ 75,6 milhões) da cláusula de compra de Talisca estabelecida pelo Benfica para mantê-lo na Turquia por mais tempo ou lucrar com uma possível venda do jogador para um time do primeiro escalão europeu.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
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Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.