Não é a soberba, problema do Brasil na Libertadores está dentro de campo
O ano mal começou, e o Brasil já acumula alguns resultados bem negativos no cenário continental.
O São Paulo foi eliminado pelo Talleres (ARG) logo nas fases preliminares da Libertadores. Athletico-PR e Atlético-MG perderam para Tolima (COL) e Cerro Porteño (PAR), respectivamente, na primeira rodada da fase de grupos da competição. E Bahia, Santos e Chapecoense já se despediram da Copa Sul-Americana.
Em maior ou menor escala, dependendo de cada time, todos esses placares ruins foram justificados mais ou menos da mesma forma por torcedores e parte da imprensa: sobrou soberba ao clube brasileiro, que subestimou a capacidade real do seu adversário.
Esse discurso não é novo. Há tempos, ele costuma dar as caras sempre que um representante do todo-poderoso futebol pentacampeão mundial é derrotado por argentinos, uruguaios, paraguaios, colombianos, chilenos, etc.
Normalmente, só os resultados ruins na altitude são poupados. Porque aí, a culpa do tropeço é sempre das adversidades provocadas pelo ar rarefeito de cidades como La Paz (Bolívia) e Quito (Equador).
Mas será que atribuir toda e qualquer derrota brasileira no futebol sul-americano à falta de humildade já não é uma baita demonstração de soberba e de crença absoluta de que nosso futebol é muito melhor do que o praticado por nossos vizinhos?
Os times brasileiros não ganharam somente uma das últimas cinco edições da Libertadores (Grêmio, em 2017) porque são arrogantes, mas sim porque simplesmente não são superiores aos seus principais adversários.
É verdade que todos os sete representantes do país na edição deste ano estão no top 10 dos elencos mais valiosos da competição. Mas e daí? Isso só mostra que o futebol brasileiro é o mais rico do continente, mas não necessariamente o melhor.
Se dinheiro fosse tudo no futebol, o Paris Saint-Germain, que possui em seu elenco os dois atletas mais caros da história, já teria vencido a Liga dos Campeões da Europa. E o mesmo valeria para o Manchester City, que se tornou rico há mais de uma década.
Se as finanças brasileiras dão show na comparação com os outros participantes da Libertadores, o mesmo não se pode dizer da estrutura tática montada e do modelo de jogo planejado por nossos técnicos. Nesses fatores, o espetáculo está longe de ser verde e amarelo.
Como bem mostrou o colega André Rocha, com exceção do Grêmio, todas as outras equipes do país estrearam na fase de grupos do torneio continental mostrando um futebol pobre de ideias e também de execução.
Do Palmeiras que, mesmo tendo o elenco mais rico da Libertadores prefere renegar seus recursos técnicos e jogar como "pequeno" em busca de apenas uma bola decisiva, ao Internacional, adepto dos chutões para frente e salve-se quem puder, os brasileiros não fazem nada dentro de campo para justificar a fama de favoritos que sempre recebem.
Por isso, contra rivais mais evoluídos do ponto de vista tático e obedientes a um estilo de jogo pré-determinado, sofrem demais e, muitas vezes, também perdem.
Não é uma questão de soberba, mas sim de qualidade. Na verdade, da falta dela.
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