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Rafael Reis

Sofrimento sem Neymar mostra como elenco do bilionário PSG é limitado

Rafael Reis

12/02/2019 04h00

Pode até parecer piada em se tratando de um clube que investiu 730 milhões de euros (R$ 3,2 bilhões) em reforços nos últimos quatro anos, mas o principal motivo pelo qual o Paris Saint-Germain sente a falta de Neymar nem é a qualidade técnica do astro brasileiro, mas sim a escassez de peças do seu elenco.

O técnico Thomas Tuchel dispõe de apenas 16 jogadores já consolidados no time principal para o confronto de ida contra o Manchester United, nesta terça-feira, na Inglaterra, pelas oitavas de final da Liga dos Campeões de Europa.

Crédito: Charles Platiau/Reuters

E mais da metade deles (nove) são originalmente atletas que compõem o sistema defensivo: goleiros, zagueiros ou laterais.

É claro que as contusões (além de Neymar, também estão fora o belga Thomas Meunier e o uruguaio Edinson Cavani) e o problema de relacionamento do meia Adrien Rabiot com a diretoria intensificam esse cenário.

Mas um clube com um nível de investimento desse tamanho e o sonho declarado de conquistar pela primeira vez o título da Champions deveria estar pronto para lidar com esses percalços.

Só que não. O elenco do PSG está longe de ser um primor de planejamento. Para falar um português bem claro: vem sendo mal montado ao longo das últimas temporadas. É por isso que Neymar é tão essencial e sua ausência, tão sentida por companheiros e torcedores.

Atacante de lado de campo ao longo da maior parte da carreira, o brasileiro transformou-se um meia criador de jogadas nesta temporada justamente para suprir uma carência do time francês.

Sem Neymar, o PSG não conta com nenhum jogador capaz de realizar esse papel: Di María é um meia de velocidade e que atua pelas faixas laterais, Marco Verratti até tem um bom toque de bola, mas joga à frente da defesa, e Julian Draxler, aquele quem em tese melhor poderia executar essa função, vem sendo utilizado mais como volante do que na faixa de criação.

Isso porque o bilionário clube de capital qatariano também não conta com um "camisa 5" confiável, o que obriga Tuchel a realizar testes e mais testes na função: Marquinhos, Daniel Alves e Kimpembé também já foram improvisados como volantes.

Quando Neymar sofreu uma nova lesão no quinto metatarso do pé direito, no fim do mês passado, o pouco de estrutura que o PSG tinha foi para o buraco.

Resultado: os sustos e tropeços começaram a dar as caras, como a perda da invencibilidade no Campeonato Francês (2 a 1 para o Lyon) e o sufoco para vencer na prorrogação o Villefrance-Beaujolais, da terceira divisão, pela Copa da França.

Isso não significa, é claro, que o PSG não possa surpreender um embalado Manchester United e continuar vivo na disputa pela Champions. Mas, caso o placar positivo não aconteça, a culpa será muito mais da diretoria que do estado físico de Neymar.

Afinal, é preciso uma falta de talento enorme para não conseguir transformar 730 milhões de euros em um elenco redondo.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.