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Rafael Reis

Time de Vinicius Jr. já foi independente do Real e tem "limite de sucesso"

Rafael Reis

30/10/2018 04h00

Contratado por 45 milhões de euros (R$ 187 milhões) para ser uma das estrelas do Real Madrid no futuro, Vinicius Júnior costuma ir a campo com o tradicional uniforme branco em quase todos os fins de semana. Mas raramente é para atuar ao lado de Luka Modric, Sergio Ramos e Marcelo.

Para ganhar experiência internacional e se adaptar a um novo ambiente, o atacante brasileiro de 18 anos tem alternado alguns poucos jogos pela equipe 13 vezes campeã europeia com apresentações pelo Real Madrid Castilla, que disputa a terceira divisão espanhola.

Além dos 12 minutos que disputou pela equipe principal nesta temporada, o ex-Flamengo já jogou cinco vezes pelo time B. Foram três vitórias e dois empates, com direito a quatro gols, uma assistência e até uma expulsão.

O que pouca gente sabe é que o time que tem acolhido Vinicius Júnior em seu ano de estreia no Velho Continente nem sempre foi uma filial do Real. Ele já gozou de independência, mudou de nome algumas vezes e chegou a ser finalista da Copa do Rei.

Até 1952, a Agrupación Deportiva Plus Ultra era uma equipe amadora de Madri que oscilava entre a segunda e a terceira divisão espanhola, e recebia uma espécie de financiamento do clube mais poderoso da capital.

Foi nesse ano que o então presidente Santiago Bernabéu resolveu estreitar laços com o parceiro e o transformou em um time B do Real, usado principalmente para colocar em campo jovens promessas que já não tinham mais idade para atuar na base.

O time manteve o nome original até o começo da década de 1970, quando passou a se chamar apenas Castilla. Com a nova nomenclatura, chegou a ser vice-campeão da Copa do Rei em 1979/80, disputou uma competição europeia (Recopa) e ajudou na formação de alguns dos jogadores históricos do time principal.

Em 1991, o antigo AD Plus Ultra teve que mudar novamente, já que a Real Federação Espanhola de Futebol proibiu que clubes filiais tivessem nomes diferentes de suas matrizes. Entre o início da década de 1990 e 2004, quando virou Real Madrid Castilla, a equipe foi conhecida como Real Madrid B.

Foi nessa época também que o time passou a ser proibido de disputar a Copa do Rei e qualquer outra competição na qual a equipe principal do Real esteja envolvida.

É por isso que o Castilla tem atualmente um tipo de "limite de sucesso". Mesmo que suba para a segunda divisão e depois conquiste o título da Liga Adelante, não poderá em hipótese alguma jogar a elite espanhola.

De acordo com o regulamento do futebol espanhol, o time sempre precisa estar pelo menos uma divisão abaixo do seu clube matriz, o Real Madrid. O mesmo vale para as outras equipes filiais do país, como Barcelona B, Atlético de Madri B e Sevilla Atlético.

Na atual temporada, o Castilla é comandado pelo argentino Santiago Solari, que jogou ao lado de Ronaldo e Roberto Carlos no começo dos anos 2000 e assumiu interinamente a função de técnico da equipe A depois da demissão de Julen Lopetegui. Além de Vinicius Jr., o time conta com o goleiro Luca Zidane, filho do ex-treinador do time principal, e com o atacante Cristo González, uma das apostas do clube para o futuro.

No passado, vários brasileiros já defenderam a equipe, entre eles Casemiro (hoje no time principal), Fabinho (Liverpool), Willian José (Real Sociedad) e Rodrigo Fabri (revelação da Portuguesa na década de 1990).

O time é o quinto colocado do Grupo 1 da Segunda Divisão B, nome oficial da terceirona, e tem três pontos de desvantagem em relação ao Ponferradina, líder da chave.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.