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Rafael Reis

Como nova geração pode ajudar Tite a acabar com dependência de Neymar

Rafael Reis

07/09/2018 04h00

"A seleção brasileira é Neymar e mais dez jogadores". Ao longo dos últimos anos, ouvir um torcedor (ou mesmo jornalista) soltando uma frase como essa foi algo relativamente corriqueiro.

Mas, pela primeira vez desde que estreou com a camisa amarela, logo após a Copa do Mundo-2010, o atacante pode mudar de status.

Neymar abre nesta sexta-feira, no amistoso contra o Estados Unidos, o ciclo de preparação para o Mundial do Qatar-2022 ainda como principal protagonista da seleção. Mas, ao longo dos próximos quatro anos, tudo indica que ganhará valiosa companhia.

É que uma nova safra de jovens brasileiros talentosos tem feito sucesso nos clubes que defendem. E eles prometem a, médio prazo, diminuir a "Neymardependência" da seleção comandada por Tite.

Richarlison, 21 anos, marcou três vezes nas quatro primeiras rodadas da Premier League inglesa pelo Everton e ocupa a vice-artilharia do campeonato nacional mais badalado do planeta.

O meia Arthur, 22, campeão da Libertadores do ano passado pelo Grêmio, ainda é reserva do Barcelona, mas vem ganhando elogios frequentes de Xavi, uma das maiores lendas da história do clube catalão.

Já Lucas Paquetá, 21, também meio-campista, é possivelmente o melhor jogador do Flamengo na temporada, apesar de não viver, propriamente, em lua de mel com o torcedor rubro-negro.

O trio foi convocado por Tite para a primeira data Fifa depois da Copa-2018 e deve estrear pela seleção principal contra os EUA ou ante El Salvador, na terça.

Dos 23 jogadores chamados para os dois amistosos, 12 não participam do Mundial da Rússia e nove jamais disputaram uma partida com a camisa brasileira.

E, mesmo fora dessa primeira lista de convocados para o novo ciclo, há um número expressivo de jovens que podem ganhar espaço na seleção nos próximos meses/anos e fazer com que a seleção chegue no Qatar-2022 não dependendo tanto de Neymar.

Vinícius Júnior e Rodrygo são os jogadores sub-18 mais caros da história do futebol. Cada um deles custou 45 milhões de euros (R$ 215 milhões).

O primeiro, que chegou à maioridade em julho, desembarcou no Real Madrid nesta temporada e, por enquanto, tem defendido o Castilla, a equipe B do atual tricampeão da Champions. Já o segundo tem 17 anos e ficará no Santos até a concretização da sua ida para o mesmo Real, provavelmente em julho de 2019.

Além disso, o Brasil tem ainda com David Neres, 21, destaque do último Campeonato Holandês pelo Ajax, e Malcom, 21, que chegou ao Barcelona depois de brilhar no Francês pelo Bordeaux.

E, claro, há ainda os "sobreviventes" da Copa-2014, os contemporâneos de Neymar que têm idade suficiente para disputar o próximo Mundial ainda em boas condições físicas, como Philippe Coutinho (Barcelona), 26, Douglas Costa (Juventus), 27, e Casemiro (Real Madrid), 26.

Ou seja, o astro do Paris Saint-Germain pode ficar tranquilo. Tudo indica que, nos próximos anos, a seleção brasileira não será "Neymar e mais dez".


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.