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Rafael Reis

Recuperar a imagem tende a ser o maior desafio da carreira de Neymar

Rafael Reis

11/08/2018 04h00

Aos 26 anos, Neymar já superou inúmeros desafios ao longo de sua vida profissional. Primeiro, conseguiu se tornar jogador de futebol. Depois, provou que poderia se tornar um dos grandes do planeta. Também ganhou a Liga dos Campeões da Europa e conduziu a seleção brasileira ao título que lhe faltava, a medalha olímpica de ouro.

Mas, a partir deste domingo, às 16h (de Brasília), quando o Paris Saint-Germain recebe o Caen, pela primeira rodada do Campeonato Francês, o camisa 10 provavelmente terá de lidar com a missão mais complicada de sua trajetória: resgatar a imagem de ídolo global que tinha até pouco tempo atrás.

A tarefa é especialmente delicada porque não depende apenas da bola que Neymar é capaz de jogar. Só mostrar talento dentro das quatro linhas não será suficiente para que o brasileiro consiga ser o que dele se espera.

A Copa do Mundo foi extremamente prejudicial ao atacante, que imaginava antes da Rússia-2018 que poderia transformá-la em uma catapulta rumo ao prêmio de melhor jogador do planeta.

Bem, isso passou longe de acontecer. Neymar não conseguiu ser um dos protagonistas da competição e, de quebra, viu suas inúmeras quedas (algumas delas seguidas de vários rolamentos em campo e cara de dor digna de uma fratura) se transformarem em memes globais.

Resultado: seus críticos deixaram de ser vozes isoladas na Inglaterra, na Catalunha (região espanhola onde fica Barcelona), entre adversários do futebol francês e em parte do Brasil para virarem a maioria.

Hoje em dia, é muito mais fácil encontrar quem critique o astro do que quem levante a voz para defendê-lo.

Como mudar isso? A primeira tiro dado por seu estafe saiu completamente pela culatra. O vídeo publicitário bancado por um dos seus patrocinadores e exibido em horário nobre na Rede Globo em que o atacante pede desculpas ao povo brasileiro deu tão errado que virou piada nas redes sociais.

Para recuperar a simpatia dos torcedores e voltar a ser um fenômeno de popularidade similar a Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, Neymar terá de mudar de atitude.

O melhor caminho passa por adotar uma atitude mais discreta. Dentro de campo, o ideal é que ele passe a evitar tanto os contatos físicos com os adversários, para sofrer menos faltas, cair menos e não dar mais munição a quem tanto o acusa de ser "cai-cai".

Longe das quatro linhas, o melhor a se fazer é desaparecer um pouco. Usar menos as redes sociais e não criar factoides que alimentem a imprensa é a chave para que apenas seu desempenho esportivo seja analisado.

Evitar possíveis conflitos com Kylian Mbappé também pode ser essencial. O jovem atacante, que aceitou ser seu fiel escudeiro na temporada passada, cresceu demais com a conquista do título mundial pela seleção francesa e ameaça seu protagonismo no PSG.

Bater de frente com ele e tentar manter "na marra" a posição de maior estrela do elenco não é das atitudes mais inteligentes. Afinal, seu companheiro de time virou um dos xodós do futebol mundial. Além disso, tudo que Neymar não precisa é se meter em alguma encrenca que possa arranhar ainda mais sua imagem.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.