Hugo Lloris, o paredão francês, nasceu rico e queria jogar tênis
Em uma seleção repleta de filhos de imigrantes e garotos que cresceram na periferia das grandes cidades, tendo de lidar com dificuldades financeiras e diferentes tipos de violência, o capitão da França na Copa-2018 é um "estranho no ninho".
O goleiro Hugo Lloris, 31, é branco, não possui raízes africanas, já nasceu cheio da grana e nem tinha a disputa de uma final de Mundial como seu maior sonho de infância.
Quando criança, o atual camisa 1 francês certamente trocaria a decisão da Rússia-2018, contra a Croácia, neste domingo, em Moscou, pela oportunidade de disputar o troféu de Roland Garros.
Filho de uma advogada com um banqueiro de Monte Carlo (Mônaco), o arqueiro do Tottenham nasceu e cresceu em Nice, cidade litorânea que é um dos principais polos turísticos franceses e uma parte de uma região cheia dos endinheirados.
Seu primeiro esporte não era o futebol, mas sim o tênis. E Lloris era bom nisso, tanto que chegou a figurar no top 10 do ranking francês na categoria infantil.
Foi só no começo da adolescência, aos 13 anos, que o finalista da Copa do Mundo decidiu trocar definitivamente a raquete pelas luvas de goleiro e tratar os treinos nas categorias de base do Nice como prioridade.
A escolha deu tão certo que, seis anos depois, Lloris já estava na meta do time da cidade em uma partida da primeira divisão francesa. Em 2008, ele assinou com o Lyon, um dos grandes do país. E, após quatro temporadas, migrou para o poderoso futebol inglês para defender o Tottenham.
A primeira chance na seleção também veio em 2008. Dois anos depois, já foi titular em uma Copa. A braçadeira de capitão veio em 2011, apenas três anos após sua estreia. Coube ao goleiro a tarefa de liderar o processo da transição da geração de Franck Ribéry, Patrice Evra e Karim Benzema para a atual, que tem nele um dos seus maiores expoentes.
No Mundial da Rússia, o terceiro de sua carreira, Lloris virou uma espécie de herói nacional.
Apesar de não ter sido exigido muitas vezes, o goleiro salvou a França sempre que foi requisitado. E com intervenções dignas de serem chamadas de milagre.
Nas quartas de final, contra o Uruguai, pegou uma cabeçada de Martín Cáceres que lembrou a icônica defesa do inglês Gordon Banks na Copa-1970. Já na semi, contra a Bélgica, foi buscar um difícil chute no canto dado por Toby Alderweireld.
Neste domingo, o homem de confiança do técnico Didier Deschamps, que nasceu rico e gostava mais de tênis que de futebol, quer repetir o gesto que o comandante fez há 20 anos: levantar a Copa do Mundo.
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