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Rafael Reis

Grande de novo? Como projeto de renascimento do Milan virou fiasco

Rafael Reis

09/12/2017 04h00

Um novo proprietário, investimento de quase 200 milhões de euros (R$ 771 milhões) em contratações, reforços desejados por praticamente qualquer clube do mundo, renovação de contrato da sua maior revelação dos últimos tempos e promessa de que esse era só o pontapé inicial de uma era de fartura.

O torcedor do Milan começou 2017/18 acreditando que os anos perdidos no meio da tabela do Campeonato Italiano haviam chegado ao fim e que o clube retomaria sua tradição de ser um protagonista do futebol europeu.

Só que meia temporada depois, até o milanista mais otimista já pensa que tudo isso não passou de uma mera ilusão.

Dentro de campo, a situação não difere muito da vista nas últimas temporadas.

Passadas 15 rodadas do Italiano, o time ocupa a oitava colocação, com 21 pontos. A desvantagem para a líder, Inter de Milão, já é de 18 pontos. A desvantagem para a zona de classificação para a Liga dos Campeões, de 13.

Das últimas oito partidas que disputou, o Milan só ganhou duas. E seus dois resultados mais recentes foram especialmente vergonhosos: empate por 2 a 2 com o Benevento, time de pior largada da história do Calcio, com direito a gol marcado pelo goleiro adversário nos acréscimos, e derrota por 2 a 0 para o Rijeka, da Croácia, na última rodada da fase de grupos da Liga Europa – os italianos já estavam classificados para a fase final.

"Eu estava esperando mais. Foi uma apresentação muito pobre. Temos de mudar nossa mentalidade e virar tudo do avesso. Precisamos de mais intensidade e vontade de ganhar", afirmou o ex-volante Gennaro Gattuso, ídolo do clube na década passada que foi contratado há dez dias para substituir Vincenzo Montella e ainda não venceu como técnico milanista.

Para piorar a situação, os tão aclamados reforços contratados a peso de ouro no início da temporada estão devendo… e muito. O zagueiro Leonardo Bonucci, ex-Juventus, vem falhando frequentemente. Já o atacante português André Silva ainda não balançou as redes no Campeonato Italiano e foi parar no banco de reservas.

E se, dentro de campo, o projeto de "novo Milan" vai patinando, fora das quatro linhas as coisas estão ainda mais fora do lugar.

O novo proprietário do clube, o chinês Li Yonghong, vem sendo bombardeado com reportagens que colocam em dúvida sua capacidade de pagar o empréstimo de US$ 354 milhões (R$ 1,3 bilhão) que contraiu para fechar o negócio e até mesmo se ele realmente é o dono do time italiano.

Uma matéria publicada no mês passado pelo norte-americano "New York Times" informou que a empresa de mineração de fosfato que o empresário alegou ser sua para que o negócio fosse aprovado não está em seu nome.

Além disso, a companhia já não atende mais no endereço que consta como sua sede – o jornalista que visitou o local encontrou-o fechado, todo bagunçado e com um bilhete de despejo na porta.

O Milan ainda corre sério risco de ser punido pela Uefa por desrespeitar o limite de déficit acumulado de 30 milhões de euros (R$ 115,8 milhões) em três anos imposto pelo fair play financeiro da entidade. A pena pode ser a exclusão de torneios continentais a partir da temporada 2018/19, o que complicaria ainda mais a sua já nebulosa situação financeira.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.