Futebol estatal? No País da Copa-2018, governos ainda são donos de times
Imagine se o governo de Minas Gerais tivesse seu próprio time profissional de futebol. E a prefeitura do Rio de Janeiro também contasse com seu clube, assim como o estado do Rio Grande do Sul.
Agora imagine essas equipes disputando o Campeonato Brasileiro e enfrentando Palmeiras, Corinthians, Flamengo, Atlético-MG e Grêmio.
Pois bem, esse cenário, totalmente distante da realidade do futebol brasileiro, é corriqueiro no país-sede da Copa do Mundo do próximo ano.
Dos 16 clubes que disputam a temporada 2017/18 do Campeonato Russo, pelo menos cinco são completamente estatais, ou seja, pertencem e são administrados por órgãos como prefeituras e governos estaduais ou por empresas de capital público.
Entre os times estatais, um dos mais conhecidos é o FC Rostov, vice-campeão em 2016 e que disputou a última edição da Liga dos Campeões da Europa. O clube pertence ao Oblast (espécie de província) de Rostov.
O Ural Yekaterinburg e o Akhmat Grozny, equipe que pertence à Chechênia, região que inclusive já tentou se separar da Rússia, em um sangrento conflito que durou quase dez anos, possuem estruturas administrativas semelhantes.
Já o Lokomotiv Moscou, duas vezes campeão russo (2002 e 2004) e que conta com os brasileiros Guilherme e Ari no elenco, é um pouco diferente. O clube é administrado não por um Oblast ou por uma prefeitura, mas sim por uma empresa pública.
O dono do time é a Russian Railways, uma companhia ferroviária estatal que possui monopólio dentro do território russo e pertence ao governo de Vladimir Putin.
Assim como o Lokomotiv, o Arsenal Tula também é gerido por uma empresa de capital público, a Rostec, uma companhia especializada em produtos de alta tecnologia para os setores civil e militar.
Outros dois clubes da primeira divisão, o FC Ufa e o estreante SKA-Khabarovsk, são frutos de parcerias entre o poder público e a iniciativa privada.
A existência de tantos clubes estatais na Rússia ainda é um resquício da União Soviética. Durante o regime socialista, oficialmente encerrado em 1991, todos os times de futebol do país (assim como empresas ou qualquer tipo de associações) pertenciam ao governo.
Depois da dissolução da URSS e da queda do comunismo, alguns dos clubes das regiões mais ricas da Rússia, como CSKA Moscou, Spartak Moscou e Zenit São Petesburgo, acabaram privatizados e foram parar nas mãos de magnatas locais.
Outros, principalmente os de áreas mais distantes da capital Moscou, continuaram nas mãos dos governos regionais, e, mesmo sem o mesmo potencial de investimento dos times privados, mantém vivo o fenômeno típico da época do Campeonato Soviético.
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