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Rafael Reis

Desfalques? 91 jogadores têm contratos encerrando durante Libertadores

Rafael Reis

07/03/2017 14h00

Capitão do Flamengo e uma das principais armas do time no Rio para a disputa da Libertadores-2017, o zagueiro Réver não sabe se continuará vestindo a camisa rubro-negra até o final da competição.

O defensor de 32 anos está emprestado ao atual vice-campeão brasileiro até junho. Ou seja, a menos que haja um acordo até lá, ele terá de ser devolvido ao Internacional em julho, quando o torneio interclubes mais importante da América do Sul entrar na fase dos mata-matas.

O caso de Réver é mais comum do que parece. Pelo menos 91 jogadores que disputam a partir desta terça-feira a fase de grupos da Libertadores estão em situação semelhante à do zagueiro brasileiro.

Esse cenário preocupante é um efeito colateral da revolução feita no regulamento do torneio para esta edição.

Por determinação da Conmebol, a Libertadores deixou de ser uma competição jogada (quase que) exclusivamente no primeiro semestre. Com duração ampliada, ela só chegará ao final em novembro. O problema é que nem todos os clubes se prepararam para isso.

Um dos adversários do Palmeiras no Grupo 5, o argentino Atlético Tucumán é o exemplo mais crítico. Nada menos do que 14 jogadores do seu elenco têm contrato apenas até junho e podem ir embora gratuitamente no meio do campeonato.

A lista inclui nomes importantes, como o camisa 10 Leandro González, o artilheiro Cristian Menéndez e o meia Rodrigo Aliendro, autor de um dos gols que colocaram a equipe argentina na fase de grupos.

Atual campeão, o colombiano Atlético Nacional é outro que pode sofrer com essa situação. Dayro Moreno, referência de ataque do time depois da saída de Miguel Borja para o Palmeiras, está emprestado pelo Tijuana (MEX) apenas até junho.

Mais acostumados ao calendário anual do que a maioria dos rivais sul-americanos, os clubes brasileiros não têm tantos jogadores com contrato para expirar durante a Libertadores. Mas há exceções, como a de Réver.

No Grêmio, o goleiro reserva Bruno Grassi e o uruguaio Maxi Rodríguez têm contratos que vencem nos próximos meses. Já no Atlético-MG, o meia venezuelano Rómulo Otero possui vínculo que termina antes do fim da Libertadores –está emprestado pelo Huachipato, do Chile. Na Chapecoense, o contrato de Alan Ruschel encerra em maio, mas o clube já garantiu que fará a renovação até o fim do ano.

Situações como as de Réver, Moreno, Otero e pelo menos 91 jogadores desta Libertadores já aconteciam em edições anteriores, mas eram restritas a poucos times que chegavam às semifinais e final em anos em que a competição se estendia até julho e agosto.

Agora, com todos os mata-matas decisivos (a partir das oitavas de final) jogados no segundo semestre, a proporção do problema se tornou muito maior.

Além dos contratos que terminam no meio da Libertadores, os 16 clubes que avançarem para a reta final do torneio continental ainda terão de lidar com o assédio das equipes europeias e da China a seus principais jogadores na janela de transferências do meio do ano.

Por isso, uma coisa é certa. Os times que iniciam nesta terça a disputa pelo troféu sul-americano certamente não serão os mesmos que brigarão pela taça na final, em novembro.

Clubes com contratos que vence durante a Libertadores:

Atlético Tucumán (ARG) – 14 jogadores
Estudiantes (ARG) – 9
Lanús (ARG) – 8
Peñarol (URU), San Lorenzo (ARG) – 6
Nacional (URU), Universidad Católica (CHI) – 5
Godoy Cruz (ARG) – 4
Barcelona (EQU), Deportes Iquique (CHI), Melgar (PER), Sport Boys (BOL), The Strongest (BOL), Zulia (VEN) – 3
Flamengo (BRA), Grêmio (BRA), Independiente Medellín (COL), Independiente Santa Fé (COL), Jorge Wilstermann (BOL), Sporting Cristal (PER) – 2
Atlético-MG (BRA), Atlético Nacional (COL), Chapecoense (BRA) e River Plate (ARG) – 1

Dados parciais de cada clube participante da Libertadores. Não foi possível obter informações Guaraní (PAR), Libertad (PAR) e Zamora (VEN)


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.