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Rafael Reis

Copa Sul-Americana ajuda venezuelanos a driblar escassez de remédios

Rafael Reis

21/07/2016 06h00

A classificação para a Copa Sul-Americana valeu aos jogadores do Deportivo Lara uma valorização profissional, um ganho de experiência internacional e lhes abriu novas perspectivas de mercado para o futuro, além de uma oportunidade rara para cidadãos da Venezuela.

"Ir para o exterior será a chance de meus companheiros comprarem alguns produtos que temos dificuldade de encontrar por aqui, como medicamentos e desodorante", afirmou o meia brasileiro Lucas Baldín, 25, que defende o Lara desde o início do ano.

Lucas Baldin

O time venezuelano irá para o exterior no dia 16 de agosto, quando visita ao Júnior de Barraquilla, na Colômbia, no dia 16 de agosto, na partida de volta da primeira rodada da Sul-Americana.

Com problemas financeiros devido à queda no valor do petróleo no mercado internacional, a terra do ex-presidente Hugo Chávez vem sofrendo com a escassez de produtos. Prateleiras vazias e filas enormes marcam o cotidiano dos mercados de lá.

"Como todos podem ver nos notícias, a situação da Venezuela é complicada. Aqui se sofre sim com escassez de alimentos e às vezes você só consegue comida por um preço mais caro. Consigo manter uma dieta saudável, mas você só acha uma marca de iogurte, um tipo de pão. O mais difícil mesmo é a higiene pessoal. Desodorante, pasta de dentes, essas coisas todas trago do Brasil."

Natural de Taubaté, no interior de São Paulo, e com carreira construída no futebol dos Estados Unidos, Lucas mora em um hotel em Cabudare, cidade com 76 mil habitantes, para sentir menos os efeitos dos problemas de desabastecimento da Venezuela.

"Se já é difícil para um venezuelano conseguir comida, imagina para o estrangeiro. Mas, apesar da crise, o futebol está bem estabelecido, vive uma situação diferente. Nosso time é grande e não nos deixa faltar falta. Temos boas instalações, viajamos em ônibus bons, a alimentação que nos fornecem também é boa. É tudo igual qualquer time de primeira divisão de outros países."

Mas mesmo que o Deportivo Lara se esforce, há situações que o clube não tem como resolver. E aí a vida de Lucas na Venezuela fica um pouco mais complicada.

"Já aconteceu de faltar esparadrapo, mas o clube tem os contatos para conseguir e comprou já no outro dia. Eles resolvem tudo muito rápido. O difícil foi quando teve o racionamento de energia. Eram 3 horas por dia sem luz e sem água. Aí, o clube se adaptou e mudou o horário dos treinos."

Apesar das dificuldades, Lucas se diz feliz por jogar no futebol da Venezuela. Mas, claro, não vê a hora de estrear na Copa Sul-Americana.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.