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Rafael Reis

Como um técnico "alemão" e refugos criaram o melhor time da Libertadores

Rafael Reis

05/05/2016 06h00

O melhor time da Libertadores-2016 tem um grupo de jogadores "90% nacional", que mescla jovens revelações e refugos que não deram certo no exterior. Todos comandados por um treinador formado na Alemanha.

Assim é o Atlético Nacional, que chega às quartas de final com a melhor campanha entre todos os participantes da competição sul-americana e irá enfrentar Grêmio ou Rosario Central (ARG) na próxima fase.

A equipe de Medellín (COL) ainda está invicta no torneio. São oito jogos, com seis vitórias e apenas dois empates.

Atletico Nacional

E o mais impressionante: só sofreu o primeiro gol em sua oitava partida na Libertadores, a vitória por 4 a 2 sobre o Huracán (ARG), terça-feira, no confronto de volta das oitavas. Até então, sua defesa estava intacta.

Mérito do ótimo sistema defensivo montado pelo experiente treinador Reinaldo Rueda, de 59 anos, um especialista em seleções que dirige o clube desde a ida de Juan Carlos Osorio para o São Paulo, no meio do ano passado.

Apesar de colombiano de nascimento, Rueda tem DNA de treinador alemão. Após se formar em educação física, ele foi estudar futebol na Escola Superior de Esportes da Alemanha, em Colônia, antes de começar sua carreira nos gramados.

Carreira que foi desenvolvida na maior parte do tempo longe dos clubes. Entre 2002 e 2014, ele passou pelas seleções de Colômbia (sub-20 e adulta), Honduras e Equador. Esteve ainda nas duas últimas Copas do Mundo.

O Atlético Nacional é o primeiro time que Rueda dirige nos últimos 14 anos. E, ainda assim, tem uma certa cara de seleção.

Ao contrário de boa parte dos times da Libertadores, que estão cheios de jogadores argentinos e uruguaios, sua é formada basicamente por "atletas locais". As únicas exceções são o goleiro Franco Armani, que nasceu na Argentina, mas que já vive na Colômbia há seis anos, e o meia-atacante venezuelano Alejandro Guerra.

No Atlético Nacional, Rueda teve o mérito de saber unir jovens revelações, como o zagueiro Davinson Sánchez, 19, e o atacante Marlos Moreno, 19, que devem ir para a Europa no segundo semestre, com refugos que estava em baixa fora da Colômbia.

É o caso do atacante Victor Ibarbo, autor de um dos gols da vitória sobre o Huracán, que pertence ao Cagliari (ITA) e foi emprestado pelo Watford (ING), clube onde jogava repassado pela Roma (ITA), a quem o jogador havia sido emprestado inicialmente pelo dono dos seus direitos econômicos.

E também do volante Alexander Mejía, da seleção colombiana. Vendido em janeiro de 2015 para o Monterrey (MEX), ele foi devolvido por empréstimo ao Atlético Nacional seis meses depois e é peça essencial no esquema de Rueda.

Mejía divide a contenção no meio-campo com Sebastián Pérez, 23, jogador que praticamente não passou por categorias de base de nenhum clube e jogava apenas na várzea até cinco anos atrás.

Essa mistura maluca já deu o título colombiano ao Atlético Nacional no último ano. E agora ele busca a segunda Libertadores de sua história (ganhou em 1989). Motivos para acreditar não faltam.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.