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Rafael Reis

Libertadores volta a mostrar o que o futebol sul-americano tem de pior

Rafael Reis

01/09/2018 04h00

A fase final da Copa Libertadores da América-2018 começou revigorando a imagem daquilo que a competição mais importante interclubes do continente tem de pior: as confusões fora de campo e a violência dentro da quatro linhas.

Escalação de jogadores irregulares, punição sendo anunciada horas antes do início de uma partida, bombas, tentativa de invasão de campo e expulsões, muitas expulsões, marcaram as oitavas de final do torneio.

Nos 16 jogos que definiram os oito times que continuam na briga pelo título foram mostrados nada menos do que 11 cartões vermelhos. Na prática, isso significa uma expulsão a cada 131 minutos de futebol.

Trata-se de uma média muito alta. A última Copa do Mundo, por exemplo, registou apenas quatro vermelhos ao longo de suas 64 partidas. Descontando as prorrogações, isso daria um jogador excluído a cada 1.440 minutos.

E não dá para falar que o nível de tensão de uma partida de Mundial seja menor do que o de um confronto de mata-mata da Libertadores.

Mas, mesmo para os padrões da competição sul-americana, as oitavas de final deste ano se destacaram negativamente em relação à violência dentro de campo.

Desde 2011, a primeira rodada dos mata-matas finais do torneio não contabilizava um número tão alto de expulsões. No ano passado, as oitavas tiveram "só" seis jogadores expulsos. Em 2016, foram sete.

O confronto com mais expulsos foi o encontro entre os argentinos Racing e River Plate, que teve dois cartões vermelhos para cada lado.

Mas o país que mais contribuiu para essa marca alta foi o Brasil. No total, cinco jogadores dos clubes dos representantes nacionais na Libertadores deixaram o campo mais cedo: dois do Corinthians (Gabriel e Danilo Avelar), mais dois do Palmeiras (Felipe Melo e Deyverson), além de um do Santos (Dodô).

Além da violência acima do comum, as oitavas ficaram marcadas por dois episódios de escalação de jogadores que estavam em situação irregular.

O River não foi punido por usar o volante Bruno Zuculini, que ainda precisava cumprir dois jogos de suspensão por uma expulsão na Copa Sul-Americana de 2013, apesar de protestos do Racing.

Já o Santos pagou caro por escalar o uruguaio Carlos Sánchez, em situação semelhante, na partida de ida contra o Independiente. O clube acabou tendo o empate por 0 a 0 obtido na Argentina transformado em uma derrota por 3 a 0.

A decisão da Conmebol só foi anunciada na manhã da última terça, mesmo dia da segunda partida entre os clubes. Revoltados com a punição, torcedores santistas jogaram bombas no gramado e tentaram invadir o campo, o que fez o jogo ser encerrado antecipadamente por falta de segurança.

Com a participação de três brasileiros (Cruzeiro, Grêmio e Palmeiras), as quartas de final da Libertadores terão seus jogos de ida disputados entre os dias 18 e 20 de setembro. As partidas de volta estão marcadas para a primeira semana de outubro.

EXPULSÕES NAS OITAVAS DA LIBERTADORES-2018

Leonardo Ponzio (River Plate) vs. Racing
Enzo Pérez (River Plate) vs. Racing
Alexis Soto (Racing) vs. River Plate
Ricardo Centurión (Racing) vs. River Plate
Gabriel (Corinthians) vs. Colo Colo
Danilo Avelar (Corinthians) vs. Colo Colo
Fernando Zuqui (Estudiantes) vs. Grêmio
Felipe Melo (Palmeiras) vs. Cerro Porteño
Deyverson (Palmeiras) vs. Cerro Porteño
Marcos Cáceres (Cerro Porteño) vs. Palmeiras
Dodô (Santos) vs. Independiente


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.