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Rafael Reis

Orações e linha dura: a vida de Maradona na segundona dos Emirados Árabes

Rafael Reis

09/04/2018 04h00

Aos 57 anos, Diego Maradona ainda se comporta como se fosse um jogador. A cada gol marcado pelo Al Fujairah, ele vibra como louco e faz questão de se unir ao abraço coletivo dos atletas. Quando o gol é adversário, seu semblante muda automaticamente para um misto de dor e tristeza.

Pouca coisa difere o antigo camisa 10 argentino dos atletas que ele comanda no deserto do Oriente Médio, a barriga saliente e um look pouco ortodoxo: uma camisa polo cinza com manchas de suor espalhadas por toda a extensão, munhequeiras vermelhas nos dois braços e um boné estampado com a bandeira da Venezuela.

Foi assim que Maradona acompanhou o empate por 2 a 2 do Al Fujairah com o Masfut, na última sexta-feira. Resultado que o deixou a dois passos de cumprir o objetivo da mais louca das aventuras de sua trajetória bissexta como treinador: subir para a primeira divisão dos Emirados Árabes Unidos.

O Al Fujairah é apenas o quinto trabalho da carreira de Don Diego como treinador. E, possivelmente, seja também o de maior sucesso.

Faltando duas rodadas para o fim da temporada, a equipe é a vice-líder da First Division League, a segundona do futebol dos Emirados Árabes, que leva dois times para a elite. Em 20 jogos, acumula dez vitórias e dez empates.

Sim, Maradona está invicto no Oriente Médio. Mas nem isso garante ao argentino as regalias normalmente oferecidas a um astro do seu tamanho.

O xeque Mohammed bin Hamad Al Sharqi, dono do Al Fujairah, faz linha dura com o treinador. Ele já ameaçou demitir o craque pelo excesso de empates e vetou sua ida à Argentina na semana passada para acompanhar o casamento de sua filha Dalma.

Longe de casa e enfrentando temperaturas que às vezes chegam na casa dos 50ºC, Maradona se apoia em dois velhos amigos: o ex-goleiro Luis Islas e o ex-meia Héctor Enrique, companheiros na conquista da Copa do Mundo-1986 e integrantes de sua comissão técnica.

É com eles também que o antigo camisa 10 compartilha as estranhezas de trabalhar em um local com cultura tão diferente daquela a qual eles estão habituados.

"Há partidas em que no, intervalo, não damos instruções aos jogadores porque eles precisam fazer suas orações", disse Islas, em entrevista ao jornal mexicano "El Heraldo".

Invencibilidade, orações, ameaças de demissão, muito calor e velhos amigos: essa é a vida de Diego Maradona como técnico na segunda divisão dos Emirados Árabes.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.