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Zagueiro brasileiro perdeu o irmão em campo e agora joga Champions por ele

Rafael Reis

25/11/2019 04h00

A cada rodada do Campeonato Turco e da Liga dos Campeões da Europa, a cena se repete. Antes de entrar em campo, Marcão fecha os olhos, agradece a Deus por estar realizando seu sonho e fala mentalmente com seu irmão, o ex-jogador Dionatan Teixeira, que morreu há dois anos.

"Sinto que ele está comigo em todos os momentos. É como se eu jogasse por nós dois", afirma o zagueiro paranaense, que está na segunda temporada pelo Galatasaray e já possui um título de campeão turco no currículo.

Crédito: Divulgação

Dionatan, que também era defensor e chegou a disputar o Campeonato Inglês pelo Stoke City, morreu enquanto jogava futebol com amigos, em novembro de 2017, aos 25 anos. Ele sofreu uma parada cardíaca em campo e chegou ao hospital, em Londrina (PR), já sem vida.

Na época, Marcão tinha apenas 21 anos e estava vivendo sua primeira experiência no exterior. Emprestado pelo Athletico-PR, defendia o Rio Ave, um clube de pouca expressão do futebol português.

O baque de perder o irmão foi um soco que lhe tirou o chão. O zagueiro ficou sem foco, foi parar no banco de reservas, acabou tomado pelo nervosismo e começou a brigar à toa com as pessoas que o cercavam.

Em estado de depressão, não queria mais jogar futebol e considerou seriamente a possibilidade de encerrar precocemente a carreira.

"Ele era meu espelho, meu maior incentivador. Depois de um jogo, a primeira coisa que eu fazia era ligar para ele e contar tudo que havia acontecido. Quando vi meu irmão em um caixão, pensei em desistir. Nada mais fazia sentido."

"Imagina o que é perder a pessoa em quem você mais confia. É duro demais. Preciso agradecer à minha esposa e a meus empresários que me deram forças para continuar. Eles me fizeram lembrar que meu irmão certamente queria que eu continuasse jogando", conta.

Dois anos depois da tragédia que marcou sua vida, Marcão vive hoje o melhor momento de sua carreira. É titular absoluto de uma equipe famosa internacionalmente e disputa pela primeira vez a Champions.

Crédito: Divulgação

Só nesta temporada, o zagueiro já teve o prazer de marcar astros do nível de Ángel di María (Paris Saint-Germain) e Eden Hazard (Real Madrid). As derrotas nos jogos contra franceses e espanhóis pouco importam quando comparadas à emoção de saber que está honrando a memória do irmão.

"O momento mais emocionante é quando ouço o hino da Champions antes das partidas. Nessa hora, é impossível não lembrar do Dionatan."

E é embalado pela ideia de sempre homenagear o irmão e inspirador que Marcão sonha grande. O primeiro objetivo, ser campeão na Europa, já foi atingido. Mas ainda faltam muitas metas.

"Quero jogar em um Real Madrid, um Barcelona, um Manchester. E, claro, também sonho disputar uma Copa do Mundo", completa.

Lanterna do Grupo A da Champions, com apenas um ponto conquistado em quatro rodadas, o Galatasaray já está eliminado do torneio, mas ainda briga por classificação para a Liga Europa. Amanhã, enfrenta o Club Brugge, da Bélgica, em confronto direto pela vaga.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis