Renato Augusto vive temporada dos sonhos após ser esquecido por Tite
Rafael Reis
12/07/2019 04h00
Renato Augusto não participou da conquista brasileira na Copa América-2019. Mas sua ausência na convocação de Tite para a competição continental certamente não tem muito a ver com o que ele tem feito na China.
Em sua quarta temporada no Oriente, o meio-campista de 31 anos vive o melhor momento desde que deixou a estabilidade do Corinthians para se aventurar no milionário mercado asiático.
O brasileiro é o principal jogador do melhor time da China em 2019, o Beijing Guoan.
Com pouco mais da metade da temporada já disputada, a equipe de Renato Augusto lidera a Superliga com dois pontos de vantagem para o Guangzhou Evergrande e cinco a mais que o Shanghai SIPG. Os dois clubes ganharam as últimas oito edições da competição.
Em 17 rodadas, o Guoan obteve nada menos que 15 vitórias e só tropeçou duas vezes –derrotas justamente contra o SIPG e também diante do Shandong Luneng.
Apesar de não ser um homem de ataque e nem ter como principal missão balançar as redes adversárias, Renato Augusto é um dos artilheiros do seu time na liga nacional. Até o momento, ele já marcou oito vezes, mesma marca do espanhol Jonathan Viera, esse sim um jogador de posicionamento mais ofensivo.
Nos passes para gol, essa sim uma de suas maiores obrigações, nenhum jogador do Guoan se iguala ao brasileiro. O camisa 5 já deu sete assistências para seus companheiros balançarem as redes.
Em toda a primeira divisão chinesa, o ex-jogador de Corinthians, Flamengo e Bayer Leverkusen só fica atrás de Oscar, seu compatriota do SIPG, que distribuiu nove passes para gol.
O bom momento de Renato Augusto na China só é possível porque fisicamente ele também está voando. O meia foi titular em todas as 17 partidas do Guoan na competição e ainda não foi substituído nenhuma vez. Ou seja, permaneceu em campo durante todos os 1530 minutos (fora os acréscimos) jogados até o momento.
Mesmo somando outras competições, o brasileiro só perdeu dois jogos (os válidos pela Copa da China, onde seu clube tem escalado uma equipe cheia de reservas) e foi tirado do gramado uma única vez –foi substituído aos 44 min do segundo tempo da vitória por 2 a 0 sobre o Buriram United, da Tailândia, pela Liga dos Campeões da Ásia.
A fase de Renato Augusto abre a possibilidade de o Brasil voltar a conquistar o prêmio de melhor jogador do Campeonato Chinês.
A taça, que foi para Muriqui em 2011, Elkeson, em 2014, e Ricardo Goulart, no biênio 2015 e 2016, teve donos de outros países nas duas últimas temporadas. Em 2017, quem ganhou a eleição foi o israelense Eran Zahavi. No ano passado, um chinês levou a melhor, Wu Lei.
Convocado pela primeira vez para a seleção principal em 2011, Renato Augusto vestiu a camisa amarelinha 32 vezes nos últimos oito anos e marcou seis gols. Na última Copa do Mundo, o meia foi reserva, mas entrou em três das cinco partidas e até balançou as redes no confronto contra a Bélgica, o último do Brasil na Rússia.
Seu último jogo pela seleção foi a vitória por 1 a 0 sobre o Uruguai, em novembro do ano passado, quando foi titular. Na Data Fifa de março passado (Panamá e República Tcheca) e na Copa América, Renato acabou ignorado por Tite.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
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Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.