Como astro de R$ 177 milhões foi parar em um time nanico de Portugal
Rafael Reis
16/02/2019 04h00
Jackson Martínez foi três vezes artilheiro do Campeonato Português, já defendeu Porto e Atlético de Madri, disputou a Copa do Mundo-2014 pela seleção colombiana e protagonizou uma transferência de 42 milhões de euros (R$ 177 milhões), quando foi contratado pelo Guangzhou Evergrande, da China, em 2016.
No início desta temporada, o centroavante decidiu ir embora do Oriente. Com um currículo dessa envergadura, certamente conseguiu uma vaguinha em um clube importante do cenário europeu, certo?
Que nada. Desde agosto, o lar de Martínez é Portimão, cidade litorânea de 40 mil habitantes localizada no sul de Portugal e casa do nanico Portimonense.
Mas como um dos mais badalados atacantes sul-americanos da década foi para em um time que passou a maior parte da sua história na segunda divisão, está apenas em sua segunda temporada consecutiva na elite e jamais conquistou um título importante em 104 anos de existência?
Os problemas físicos sofridos pelo colombiano são a resposta para essa pergunta. Nos dois anos e meio em que permaneceu no Evergrande, o centroavante conseguiu disputar apenas 16 partidas.
Depois, vieram as lesões. Martínez ficou praticamente dois anos inteiros sem jogar na China devido a uma grave contusão no tornozelo esquerdo. Até hoje, o problema não está 100% solucionado, mas ele decidiu forçar uma volta ao futebol.
"Toda noite, por volta das 3h ou 4h da manhã, meu sono é interrompido por um desconforto no pé. Depois de alguns minutos passa, e volto a dormir. Para treinar também não é fácil, não posso fazê-lo por dois ou três dias seguidos. Queria muito trabalhar normalmente todos os dias, mas os médicos e o fisioterapeuta disseram que isso era impossível e sigo um programa específico", afirmou o jogador, em entrevista ao jornal "Record", no mês passado.
O Portimonense foi o clube que aceitou suas limitações físicas e lhe propôs um contrato. Pelo acordo de empréstimo assinado com o Evergrande, o colombiano permanecerá na equipe portuguesa até o fim da temporada.
Aos longo dos últimos seis meses, Martínez conseguiu disputar 17 jogos e marcou cinco gols. No entanto, em somente oito partidas teve condições físicas de suportar os 90 minutos e não foi substituído.
"Nos jogos, tenho uma enorme vontade de ajudar. Mas, às vezes, penso que não aguento mais, que devo levantar a mão e pedir a substituição. Quando isso acontece, cerro os dentes e não desisto."
No Portimonense, Martínez tem a companhia de nada menos do que 15 jogadores brasileiros, entre eles o goleiro Leonardo e o meia Dener, que passaram pelo São Paulo. A equipe ocupa a nona posição no Campeonato Português e enfrenta o Vitória de Guimarães, neste sábado.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
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Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.