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Por que o futebol na Inglaterra não para no fim do ano?

Rafael Reis

26/12/2018 04h00

Nove jogos movimentam o Campeonato Inglês nesta quarta-feira, um dia depois da comemoração do Natal. Na próxima terça, 1º de janeiro, bem nos meio dos festejos do Ano Novo, a bola também irá rolar na competição e seis clubes irão a campo.

Estranhou? Na Inglaterra, sempre é assim. Enquanto os outros principais campeonatos da Europa paralisam suas atividades no fim do ano, a Premier League intensifica seu calendário e produz verdadeiras maratonas futebolísticas nessa época cheia de feriados e datas comemorativas.

Crédito: Divulgação

Entre os dias 21 de dezembro e 3 de janeiro, serão disputadas 40 partidas da liga nacional mais badalada do planeta. Isso significa quatro rodadas completas da competição. E a sequência festiva será encerrada com o ponto alto da temporada, o confronto direto entre os líderes Liverpool e Manchester City.

Mas por que a Inglaterra é uma "estranha no ninho" do futebol e não paralisa seus campeonatos no fim do ano?

A resposta, como quase tudo na terra da rainha Elizabeth, tem a ver com tradição. Desde o fim do século 19, os ingleses se acostumaram a praticar o futebol e ir aos estádios assistir às partidas da modalidade nos últimos dias do ano.

Até 1959, o Inglês tinha partidas disputadas até mesmo no feriado do Natal. Hoje, restaram as tradições das rodadas de Boxing Day (26 de dezembro, dia marcado por grandes liquidações no Reino Unido) e Réveillon.

O costume está tão enraizado na cultura inglesa que muitas famílias que viajam nos últimos dias do ano já colocam na rota dos seus passeios turísticos a ida aos estádios para acompanhar in loco alguma partida de futebol.

Além da tradição, ter jogos nesse período é também uma grande jogada de marketing da Premier League. Como os outros campeonatos estão paralisados no período, a competição acaba reinando soberana nas TVs do mundo todo por alguns dias e, consequentemente, conquista novos fãs.

Há ainda o problema do calendário. Como tem três grandes competições do ano (o campeonato, a Copa da Inglaterra e a Copa da Liga), além dos torneios continentais, o país não pode abrir mão de muitas datas e dar um longo período de folga para os jogadores.

É claro que nem todo mundo é a favor dessa maratona futebolística justamente nos dias reservados ao descanso no resto do planeta. Para falar a verdade, o que não faltam são críticos a esse modelo.

Boa parte dos técnicos estrangeiros que fizeram sucesso na Inglaterra nos últimos anos, como o espanhol Pep Guardiola, o alemão Jürgen Klopp, o francês Arsène Wenger e o português José Mourinho, já reclamaram dessa situação.

Segundo eles, a ausência de uma pausa de fim de ano faz com que os clubes do país cheguem ao fim da temporada com elencos exaustos, o que diminui suas possibilidades nas competições europeias.

Para reduzir essas reclamação, a Federação Inglesa já anunciou que, a partir da próxima temporada, os clubes da primeira divisão terão direito a um fim de semana de descanso durante o inverno europeu.

Mas essa folga não será no fim do ano. A decisão é que uma das rodadas da Premier League será desmembrada em dois finais de semana. Ou seja, dez clubes jogarão em um sábado/domingo e dez no seguinte. Assim, cada time ganhará alguns dias livres para recuperar seus jogadores para a reta final da temporada.

Ou seja, o calendário de fim de ano do futebol inglês permanecerá inalterado. Afinal, ele já virou uma instituição no país.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis