Em 2018, Argentina é melhor sem Messi do que com craque
Rafael Reis
14/10/2018 04h00
Após vencer Estados Unidos, El Salvador e Arábia Saudita, o Brasil terá na próxima terça-feira seu primeiro adversário de peso depois da Copa do Mundo-2018. Mas um adversário de peso desfalcado do seu principal jogador.
Então, Tite, Neymar e o restante dos jogadores da única equipe pentacampeã mundial nem precisam se preocupar com a Argentina? Não é isso que os números indicam.
Pelo menos neste ano, o aproveitamento da equipe alviceleste é melhor nas partidas em que não pode contar com Lionel Messi do que nos jogos em que escalou o camisa 10 do Barcelona, eleito cinco vezes o melhor do planeta.
Nas cinco apresentações em que o craque desfalcou a Argentina em 2018, a equipe conquistou três vitórias, um empate e somente uma derrota. Se todas as partidas fossem de fases de grupos de competições oficiais, teria conquistado 75% dos pontos disputados.
Já com Messi em campo, esse aproveitamento cairia para 46,7%. Foram duas vitórias, um empate e duas derrotas nos últimos cinco jogos em que o astro esteve à disposição do seu país-natal.
A principal diferença é que a maior parte dos jogos sem o camisa 10 foram amistosos, alguns deles contra seleções de qualidade duvidosa (como Guatemala e Iraque), enquanto as partidas em que utilizou o astro foram majoritariamente aquelas da última Copa, incluindo os confrontos contra França e Croácia, campeã e vice do Mundial, respectivamente.
Sem seu maior astro, a Argentina tem dado mais espaço para Paulo Dybala. O camisa 10 da Juventus participou dos dois últimos amistosos e deve começar jogando novamente contra o Brasil.
Na goleada por 4 a 0 contra o Iraque, na quinta, os gols foram marcados por Lautaro Martínez (Inter de Milão), Roberto Pereyra (Watford), Germán Pezzella (Fiorentina) e Franco Cervi (Benfica).
Maior artilheiro da história da Argentina (65 gols) e terceiro jogador com mais partidas (128), Messi não joga pela seleção desde a eliminação para a França nas oitavas de final da Copa-2018.
O atacante pediu para não ser convocado até o fim do ano. A ideia é ganhar tempo para se recuperar psicologicamente das críticas sofridas durante o Mundial da Rússia e ver se a AFA, a federação local, consegue se organizar –os argentinos ainda estão sendo comandados por um treinador interino, Lionel Scaloni.
Messi já tem 31 anos e disputou quatro Copas do Mundo. No entanto, jamais levantou uma taça pela seleção adulta. Seus únicos títulos pela Argentina foram obtidos nas categorias sub-23 (ouro nos Jogos Olímpicos de 2008) e sub-20 (Mundial de 2005).
ARGENTINA SEM MESSI EM 2018
4 x 0 Iraque
0 x 0 Colômbia
3 x 0 Guatemala
1 x 6 Espanha
2 x 0 Itália
ARGENTINA COM MESSI EM 2018
3 x 4 França
2 x 1 Nigéria
0 x 3 Croácia
1 x 1 Islândia
4 x 0 Haiti
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.