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Rafael Reis

Como a Holanda deixou de ser fábrica de craques e ficou carente de talento

Rafael Reis

13/10/2018 04h00

Para derrotar a Alemanha, neste sábado, e conseguir sua primeira vitória na Liga das Nações, a Holanda aposta em jogadores que defendem Bournemouth (Nathan Aké), Brighton (Davy Pröpper), Atalanta (Marten de Roon), Besiktas (Ryan Babel) e até o modesto Club Brugge (Arnaut Danjuma), da Bélgica.

Buscar atletas em equipes que não fazem parte do primeiro escalão do futebol europeu é o caminho que sobrou para uma das seleções mais tradicionais do planeta, vice-campeã mundial em três oportunidades (1974, 1978 e 2010).

Os últimos craques indiscutíveis que a Holanda produziu, o meia Wesley Sneijder e os atacantes Arjen Robben e Robin van Persie, já passaram dos 34 anos, estão na reta final da carreira e deixaram a seleção.

Só que a nova geração não tem mostrado força suficiente para se firmar nos grandes clubes do Velho Continente e muito menos para manter a seleção competitiva –o país não se classificou para a Eurocopa-2016 e nem para a última Copa do Mundo.

Dos 25 convocados pelo técnico Ronald Koeman para a partida contra a Alemanha e o amistoso ante a Bélgica, na próxima semana, só dois são titulares de times que hoje realmente fazem parte da elite internacional: o zagueiro Virgil van Dijk e o meia Georginio Wijnaldum, do Liverpool.

A seleção ainda tem um goleiro do Barcelona (Jasper Cillessen), mas que é reserva na Catalunha, um zagueiro da Inter de Milão (Stefan de Vrij) e um atacante do Sevilla (Quincy Promes).

Todo o restante do elenco é formado por jogadores que atuam em equipes menores de ligas importantes ou times fortes de campeonatos que já não possuem tanto prestígio assim, como o próprio Holandês.

São 11 atletas que jogam no futebol local na última convocação, cinco deles no PSV Eindhoven, atual campeão nacional.

Na Copa-2010, o último grande feito da seleção laranja, nove jogadores atuavam no país e a lista continha representantes de Real Madrid, Liverpool, Arsenal, Bayern de Munique e Manchester City.

A dificuldade holandesa de encontrar nomes de qualidade suficiente para fazer jus à sua história não é exclusividade de sua equipe adulta.

Seu time sub-21 só se classificou para a fase final de uma das cinco últimas edições do Europeu da categoria. No sub-20, o país não joga o Mundial desde 2005, quando sediou a competição (e por isso conseguiu a vaga).

A luz no fim do túnel vem da geração nascida em 2001, que se sagrou campeã continental sub-17 em maio. Mas o principal jogador do time, o meia Wouter Burger, do Feyenoord, só jogou 26 minutos como profissional até hoje.

Em busca de uma espécie de "renascimento", os holandeses fazem parte do Grupo 1 da Liga das Nações e estrearam na nova competição da Europa com uma derrota por 2 a 1 para a França, fora de casa, no mês passado.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.