Cidade italiana de 47 mil habitantes recebe troféu da Copa para reparos
Rafael Reis
05/08/2018 04h00
Um pequeno galpão industrial, onde trabalham apenas sete ourives, na nanica cidade de Paderno Dugnano, de 47 mil habitantes, localizada na região metropolitana de Milão, no norte da Itália.
É nesse local bem diferente do glamour de um estádio de final da Copa do Mundo que o troféu mais desejado do planeta volta a ficar como novo depois dos danos causados pela festa (sempre excessiva) da seleção campeã mundial.
A cada quatro anos, a cena se repete. Algumas semanas depois do fim do Mundial, o time vencedor da Copa precisa entregar a taça para a empresa GDE Bertoni, que será responsável por restaurá-la.
Por razões de segurança e também para não alterar a rotina pacata de Paderno Dugnano, o processo acontece sempre em um sigilo absoluto.
Ou seja, pouca gente sabe se o troféu da Copa-2018 que a França exibe com orgulho atualmente ainda é o original (que irá para a oficina nos próximos dias) ou se já é a réplica feita de uma liga de cobre e zinco, banhada com três camadas de ouro, que ficará com a federação em definitivo.
A GDE Bertoni foi a empresa responsável pelo projeto e pela confecção da atual taça da Copa do Mundo, que foi colocada em disputa pela primeira vez em 1974, depois de a Jules Rimet sair de circulação devido ao tricampeonato da seleção brasileira.
Desde então, a empresa tem a missão de restaurá-la a cada novo ciclo e fazer com que ela volte a parecer "novinha em folha" para ser colocada mais uma vez em disputa no Mundial seguinte.
O trabalho de reparos dura cerca de duas semanas. O troféu, que pesa 6 kg de ouro maciço, é limpo e polido para voltar a ganhar brilho. Além disso, aquelas duas faixinhas verdes, localizadas na parte de baixo do artefato e feitas de um material frágil chamado malaquita, são substituídas por novas.
Por fim, a empresa grava na base da taça o nome da nova seleção campeã mundial, com um detalhe importante. Esse nome sempre é escrito na língua do país que venceu a Copa. Ou seja, neste ano, o troféu ganhará a inscrição "2018 – France".
Só depois de todos esses reparos, o objeto mais cobiçado do futebol mundial retorna para a sede da Fifa, em Zurique (SUI), onde fica guardado até o início do tour global da taça que serve como promoção para a próxima Copa.
O Mundial-2022 será disputado no Qatar e, devido ao calor do verão no Oriente Médio, não acontecerá no meio do ano, como de costume. O pontapé inicial do torneio está previsto para 21 de novembro. Já a final será jogada em 18 de dezembro.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
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Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.