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Rap transforma jogador brasileiro em astro da música na Letônia

Rafael Reis

10/05/2018 04h00

Felipe Gabriel dos Santos Xavier tem 23 anos, é jogador profissional de futebol e vive na Europa desde 2014. Mas o motivo de ele distribuir autógrafos e ser parado com pedidos de foto em todos os cantos da Letônia não tem nada a ver com sua carreira no mundo da bola.

O atacante do FK Progress, da segunda divisão letã, tornou-se uma celebridade local por causa da música.

Garça, como era conhecido no Brasil, caiu nas graças da população do país que até o início da década de 1990 fazia parte da antiga União Soviética, cantando rap.

"O pessoal daqui não está acostumado a ver negros, muito menos negros cantando em letão. Então, acabei chamando muito a atenção deles", afirma.

A carreira de Felipe Gabriel nos palcos começou meio que por acaso. O brasileiro ficou amigo dois integrantes de um famoso grupo de rap da Letônia, o Olas, e começou a aparecer em vídeos nas redes sociais do músico falando na língua local.

"Percebemos que as pessoas estavam achando diferente, gostando daquilo que estávamos fazendo. Então, eles me chamaram para participar de uma música. Eu compus minha parte e gravei com eles, mas foi meio que na brincadeira."

Só que os letões não encararam "Nac ar Mums" ("Vem com nós", em tradução livre para o português) como uma brincadeira. O clipe alcançou 300 mil visualizações no YouTube só no primeiro mês (uma marca bem expressiva para um país com menos de 2 milhões de habitantes). Hoje, o vídeo já foi assistido mais de 1,1 milhão de vezes.

"A gente lançou o vídeo em dezembro de 2015, e eu vim de férias para o Brasil sem saber se ia voltar para a Letônia. Só depois percebi que o clipe estourou. Quando retornei, começaram a me chamar para shows, pedir autógrafos e me parar para tirar fotos."

A agenda de eventos de Felipe Gabriel como músico ficou tão cheia que ele resolveu dar um tempo no futebol para se dedicar apenas à nova carreira. Em 2016, ele passou o ano todo só tocando e chegou a participar de alguns dos principais festivais do país, como o SummerSound e o Positivus.

"Minha prioridade é o futebol, mas as pessoas aqui me veem mais como um cantor que joga futebol do que como um jogador que canta. Nunca imaginei que ia viver algo assim. No Brasil, sou apenas mais um. Mas, aqui, é diferente.

Desde 2017, o atacante, que no Brasil defendeu Pequeninos do Jóquei, Matonense e Cotia, vem tentando conciliar suas duas carreiras. No ano passado, ele lançou uma música sobre racismo que o levou a vários programas de TV na Letônia. Outras duas canções escritas por ele estão para sair do forno.

"Hoje, tenho um acordo com o meu clube. Eles sabem que como sou uma figura pública, acabo fazendo muitos eventos. Então, muitas vezes nem treino, só vou para o jogo. Além de cantar e jogar futebol, também sou host da balada mais famosa daqui e faço alguns trabalhos como modelo", completa.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis